Edgar Borges Ferreira
“ - Taffarel!
- Já vou indo, vô!”
Era assim que chamava pelo meu neto Sandro Borges toda vez que necessitava de sua presença para que me ajudasse em alguma ocupação.
Meu neto se foi dolorosa e inesperadamente, no desabrochar da vida, com apenas 16 anos de idade. Foi ceifado pela fatalidade, através de uma já célebre chamada “bala perdida”.
Não sei até agora o nome do policial que disparou sua arma para ferir de morte meu neto quando ele se divertia com seus amiguinhos, que o chamavam de “Ômega Bad”, em um estabelecimento conceituado e conhecido da cidade.
Por intermédio da imprensa tenho conhecimento de que as autoridades farão a devida justiça e que o culpado ou os culpados serão severamente julgados e punidos.
Punido o culpado já está, mas pela Justiça Divina. Sim, acredito que o policial criminoso, cujo crime é qualificado de culposo, certamente vem sentindo remorso pelo ato que cometeu, tormento que o acompanhará por toda a vida!
Meu conforto, meu alívio, é saber que Sandro Borges obedeceu ao chamamento de Deus e se encontra no céu rogando por nós aqui na terra.
Agora é ele que chama por mim: “Vôôô, vem aqui”. E eu respondo: “Dá um tempo, filho. Em breve estarei aí, para te abraçar e matar as saudades.”
Delegado aposentado de polícia, avô de Sandro Borges, morto em 28 de novembro durante uma ação da Força Tática da PM.
...............................
Os efeitos de uma bala perdida
Gracineide Borges
Policial da Força Tática,
No último dia 28 completou um mês que a bala disparada por você matou o jovem Sandro Borges, chamado pelos amigos de Ômega.
Você já imaginou o sofrimento dos pais e familiares de Sandro? As noites mal dormidas que passamos nestes dias? As lágrimas de sofrimento derramadas por seus avós durante este mês?
Naquela noite fatídica, Sandro abraçou e beijou seu vozinho, era assim como carinhosamente chamava seu avô, prometendo que logo voltaria, pois no outro dia iram juntos comprar um sonhado computador. Mas ele não voltou. Sabe por quê? Porque sua bala não deixou!
O computador chegou, mas Sandro não o usou. O aniversário de 17 anos passou no dia 18 de dezembro, mas ele não festejou. Você sabe por quê? Porque sua bala o matou.
Eu sei que a culpa não é só sua. O Estado também é culpado, pois gastou uma bolada de dinheiro, aliás, nosso dinheiro, para preparar policiais. E o que temos? Um grupo de homens deslumbrados por estar usando um uniforme e carregando uma arma na cintura.
São policiais que batem até matar – caso Robson Magalhães – e atiram sem piedade – caso Jailson Figueiredo da Costa – deixando paraplégicos no meio do caminho – caso Ronaldo Melo Carvalho. Quantos outros casos não foram noticiados pela mídia sobre essa polícia que ao invés de proteger e servir, atemoriza, acossa, bate e mata?
Você sabe o que nos dá força para suportar a ausência de Sandro Borges? Saber que nós não veremos mais, mas ele será lembrado como um menino alegre, brincalhão e amigo, um menino que plantou a semente do bem.
Quanto a você, será sempre visto e lembrado como o policial que matou o Ômega, como um exemplo da polícia despreparada que temos em Roraima.
Tia de Sandro Borges, morto por uma bala perdida disparada por um policial na madrugada do dia 28 de novembro de 2005.
29 de dezembro de 2005
27 de dezembro de 2005
Cenas de Natal
Boa Vista - Para o dia 25, o governo estadual prometeu fazer a distribuição de brinquedos para as crianças de famílias carentes. Anunciou isso nas TVs, rádios, jornais e em carros nas ruas.Os portões do estádio Flamarion Vasconcelos seriam fechados às 8h30, mas desde as 5h30 haveria ônibus rodando pela cidade, catando aqueles que encarassem a fila.
Às 4h30, retornando de uma madrugada de conversa, vinho, água e churrasco na fazenda urbana de Nei Costa, Zanny e eu vimos que já havia fila para receber os mimos do governo.
O governador Ottomar Pinto, que tem o costume de distribuir pintos, biquínis, peixe, iogurte, material de construção e terrenos, chegou às dez horas para fazer a distribuição.
Ao meio-dia, sob o sol forte de um dia de Roraima (só quem esteve aqui, sabe o que isso significa em termos de temperatura e ardência na pele), centenas de pessoas esperavam em frente ao estádio a chance de pegar um ônibus que as levassem de volta aos seus bairros. Aproveitavam a sombra de pequenas árvores para refugiar-se. Sob suas cabeças, as redes serviam de chapéus.
Quando chegava um ônibus, lá estavam crianças e adultos, carregando brinquedos e redes de dormir, empurrando-se para garantir um lugar e o retorno às suas casas.Na minha cabeça, algo semelhante às cenas de retirantes e vítimas de guerras.
Às 16h, ainda havia pessoas esperando que os ônibus e vans alugadas pelo populista governo roraimense os levassem de volta aos seus bairros.Mas é claro que também estavam lá famílias de renda maior que a maioria, com seus carros e roupas mais caras, apenas pela mesquinhez de receber algo supostamente dado de graça.
Às 4h30, retornando de uma madrugada de conversa, vinho, água e churrasco na fazenda urbana de Nei Costa, Zanny e eu vimos que já havia fila para receber os mimos do governo.
O governador Ottomar Pinto, que tem o costume de distribuir pintos, biquínis, peixe, iogurte, material de construção e terrenos, chegou às dez horas para fazer a distribuição.
Ao meio-dia, sob o sol forte de um dia de Roraima (só quem esteve aqui, sabe o que isso significa em termos de temperatura e ardência na pele), centenas de pessoas esperavam em frente ao estádio a chance de pegar um ônibus que as levassem de volta aos seus bairros. Aproveitavam a sombra de pequenas árvores para refugiar-se. Sob suas cabeças, as redes serviam de chapéus.
Quando chegava um ônibus, lá estavam crianças e adultos, carregando brinquedos e redes de dormir, empurrando-se para garantir um lugar e o retorno às suas casas.Na minha cabeça, algo semelhante às cenas de retirantes e vítimas de guerras.
Às 16h, ainda havia pessoas esperando que os ônibus e vans alugadas pelo populista governo roraimense os levassem de volta aos seus bairros.Mas é claro que também estavam lá famílias de renda maior que a maioria, com seus carros e roupas mais caras, apenas pela mesquinhez de receber algo supostamente dado de graça.
26 de dezembro de 2005
Da imobilidade
São Paulo - Chegar em São Paulo em dia de rodízio no trânsito e encarar obras do metrô em pontos estratégicos da cidade podem tirar-lhe o humor. Mas se o rodízio foi suspenso e as placas alaranjadas foram bem afixadas, tudo bem. Avenida Paulista. Como pode ser tão bela e maçante?
13 de dezembro de 2005
Outra visão
Boa Vista - Em Roraima acontecem coisas que só mesmo as cabeças mais pensantes explicam. Inversões de valores, quebras de regras (nem todas importantes ou fundamentais) e a prática de uma forma de lavagem na mente das pessoas que, muitas vezes, as deixam sem condições psicológicas para analisar com insenção determinados fatos. Para exemplificar o que escrevo vou dar dois exemplos de acontecimentos ocorridos e bem divulgados pela mídia local. O primeiro aconteceu há alguns meses, quando agentes da Polícia Civil resolveram acabar com uma rinha de galos numa fazenda nas proximidades de Boa Vista e prender aqueles que cometiam o crime. Os policiais chegaram, deram o flagrante e quase foram colocados dentro da rinha para serem linxados pelos participantes da brincadeira de mau gosto, onde quem sofre são os animais. Os agentes foram ameaçados e tiveram que tomar atitude dura para conter a revolta dos "membros da sociedade roraimense". Para surpresa geral, no dia seguinte alguns veículos de comunicação colocaram os criminosos como vítimas e os policiais como agressores. A desculpa foi uma só: todos os que participavam da rinha pertenciam a famílias tradicionais e tinham total direito de fazer o que bem entendem, sem se preocupar com a lei que deve servir para todos sem distinção. O segundo exemplo é o assunto da moda em Boa Vista. Meia dúzia de políticos e grandes latifúndios esperneiam, reclamam e protestam porque o Incra está fazendo o que deveria ter sido feito há muito tempo. Pessoas que não tiveram condições de manter seus lotes (por culpa do próprio Incra) e outros que agiram de má fé, resolveram vender suas terras sem respaldo legal, porque fazia parte de um programa de reforma agrária voltado para famílias comprovadamente carentes. Resultado: a justiça tarda mais não falha. Aqueles que compraram os lotes estão sofrendo ações na Justiça pelo simples fato de terem agido de forma contrária a Lei. Mais uma vez a mídia local sai em defesa de poucas pessoas em detrimento das milhares que continuam penando para manter suas famílias, sem apoio político e de políticos. Sem apoio do Incra, do governo, seja qual for, e da imprensa. Não é comum os jornais ou telejornais mostrarem matérias dizendo que há atrasos no pagamento de benefícios para aqueles que resolveram enfrentar o mato, os insetos e as doenças que são naturais dessas regiões. Enfim, é duro ver e engolir a elite soberana manipular fatos, criticar o certo e transformar o erro em acerto. Mas mudança pode estar bem perto de nós. Esse é um exemplo. |
8 de dezembro de 2005
25 anos depois
Boa Vista - Tudo estava pronto para uma viagem a Minas Gerais, dois anos depois da última. O dia era 8 de dezembro. A passagem de ônibus estava marcada para o dia seguinte. Fui para a casa da minha irmã naquela noite para gravar algumas fitas cassetes com músicas de Pink Floyd, Led Zeppelin, Neil Young, Deep Purple, Janis Joplin, Jimi Hendrix e, claro, Beatles, Jonh Lennon e George Harrison.
No início da noite fumei um e em seguida me deparei com aquele gradiente possante. Fiz a seleção, peguei umas fitas virgens e me preparei para escolher a trilha sonora da viagem. Estava empolgado com o cabeça de nego que conseguira. Já estava viajando. O som rolava no aparelho, enquanto a mana, o cunhado e a sobrinha dormiam. Não me lembro o nome do bairro. Acho que era jardim Campina. Era uma casa espaçosa, quintal grande com algumas plantas. Nada de anormal para a zona extremo Sul de Sampa.
A empolgação batia. Depois de dois anos iria voltar à terra natal. As lembranças eram vagas, mas só a idéia de passar 12 horas viajando, ouvindo músicas, escrevendo e percebendo as paisagens era demais. Saí da sala, fumei outro e voltei. Liguei o som e pensei que deveria ter na trilha Paul Simon e Art Garfunkel. Escolhi as músicas, preparei a fita e iniciei a gravação. Pô, que chato, estou relatando o que aconteceu há 25 anos. Não importa. É a primeira vez que escrevo. Naquele tempo walkman era, diríamos, novidade. Pensei na saída de São Paulo, congestionamento, via Dutra e movimento. Darling, please don't never break my heart. Engraçado, é um trecho da música que toca na TV. Lennon regravou. É agora, momento atual, não importa mais. Para começar gravei Cecilia, em seguida The Boxer, Bridge Over Trouble Water, The Sound of Silence, America, Hey, Hey, my my, rock"in"roll...never die.
Olhei para o Revolver, emplaquei Tax Man. Queria ir de taxi até a rodoviária. Eleonor Rigby chama a atenção. Sons experimentais, viagens, emoção. Peguei Sargent Peppers e não sabia o quê escolher. Every body is got something to hide except for me and my monkey. Quanta coisa boa no Branco. God, oh meu Deus. Só tenho três fitas. Imagine se pudesse mais? Não havia fronteiras para meu gosto musical. Mutantes, O Terço, Walter Franco, enfim, muito mais. What is life, If not for you, My sweet lord, com uma pequena ajuda dos amigos, como? Machine Head, Whola lotta love, Starway to heaven, Eric Clapton e Jeff Beck, Prisma, Smoke on the water.
Nossa como gravar tudo em três fitas? O tempo passou e as fitas acabaram-se. Guardei os discos, liguei o rádio e para minha surpresa, She loves you. Logo depois Help, Yesterday, Don't let me down, The ballad of John and Yoko, Imagine, Starting Over, Beautifull boy, A day in the life, God. Olhei para o relógio acima da TV e pensei: será que vou acordar às 7 horas? Aumentei o volume do som e ouvi Yer Blues. Não acreditei. Mudei a sintonia e ouvi Woman. Lennon acabara de lançar Double Fantasy. Passei a madrugada ligado no rádio, ligado. Estranhei todas as emissoras tocar Beatles e Lennon ao mesmo tempo. Mais uma vez não importa, é bom! A música parou. Um locutor com voz fúnebre narrou: "era 22 e 48 em Nova York quando Mark David Chapman, em frente ao edifício Dakota, disparou cinco tiros no ex-beatle Jonh Lennon que morreu minutos depois no hospital Roosevelt. É com tristeza que anuncio. Lennon foi assassinado na noite passada em Nova York." O resto...pra quê?
No início da noite fumei um e em seguida me deparei com aquele gradiente possante. Fiz a seleção, peguei umas fitas virgens e me preparei para escolher a trilha sonora da viagem. Estava empolgado com o cabeça de nego que conseguira. Já estava viajando. O som rolava no aparelho, enquanto a mana, o cunhado e a sobrinha dormiam. Não me lembro o nome do bairro. Acho que era jardim Campina. Era uma casa espaçosa, quintal grande com algumas plantas. Nada de anormal para a zona extremo Sul de Sampa.
A empolgação batia. Depois de dois anos iria voltar à terra natal. As lembranças eram vagas, mas só a idéia de passar 12 horas viajando, ouvindo músicas, escrevendo e percebendo as paisagens era demais. Saí da sala, fumei outro e voltei. Liguei o som e pensei que deveria ter na trilha Paul Simon e Art Garfunkel. Escolhi as músicas, preparei a fita e iniciei a gravação. Pô, que chato, estou relatando o que aconteceu há 25 anos. Não importa. É a primeira vez que escrevo. Naquele tempo walkman era, diríamos, novidade. Pensei na saída de São Paulo, congestionamento, via Dutra e movimento. Darling, please don't never break my heart. Engraçado, é um trecho da música que toca na TV. Lennon regravou. É agora, momento atual, não importa mais. Para começar gravei Cecilia, em seguida The Boxer, Bridge Over Trouble Water, The Sound of Silence, America, Hey, Hey, my my, rock"in"roll...never die.
Olhei para o Revolver, emplaquei Tax Man. Queria ir de taxi até a rodoviária. Eleonor Rigby chama a atenção. Sons experimentais, viagens, emoção. Peguei Sargent Peppers e não sabia o quê escolher. Every body is got something to hide except for me and my monkey. Quanta coisa boa no Branco. God, oh meu Deus. Só tenho três fitas. Imagine se pudesse mais? Não havia fronteiras para meu gosto musical. Mutantes, O Terço, Walter Franco, enfim, muito mais. What is life, If not for you, My sweet lord, com uma pequena ajuda dos amigos, como? Machine Head, Whola lotta love, Starway to heaven, Eric Clapton e Jeff Beck, Prisma, Smoke on the water.
Nossa como gravar tudo em três fitas? O tempo passou e as fitas acabaram-se. Guardei os discos, liguei o rádio e para minha surpresa, She loves you. Logo depois Help, Yesterday, Don't let me down, The ballad of John and Yoko, Imagine, Starting Over, Beautifull boy, A day in the life, God. Olhei para o relógio acima da TV e pensei: será que vou acordar às 7 horas? Aumentei o volume do som e ouvi Yer Blues. Não acreditei. Mudei a sintonia e ouvi Woman. Lennon acabara de lançar Double Fantasy. Passei a madrugada ligado no rádio, ligado. Estranhei todas as emissoras tocar Beatles e Lennon ao mesmo tempo. Mais uma vez não importa, é bom! A música parou. Um locutor com voz fúnebre narrou: "era 22 e 48 em Nova York quando Mark David Chapman, em frente ao edifício Dakota, disparou cinco tiros no ex-beatle Jonh Lennon que morreu minutos depois no hospital Roosevelt. É com tristeza que anuncio. Lennon foi assassinado na noite passada em Nova York." O resto...pra quê?
29 de novembro de 2005
Imagine a PM matando seus parentes
Boa Vista - Imagine acordar às quatro da madrugada ouvindo gritos desesperados na casa ao lado. Imagine perguntar a um rapaz e duas moças com os rostos desfigurados pela dor o que houve e receber como resposta que houve uma desgraça e a Força Tática da Polícia Militar matou Sandro Borges, seu primo de apenas 16 anos.Imagine levar a sua afilhada, irmã de Sandro, até o 1° DP e depois até o Pronto Socorro dizendo-lhe apenas que o menino levou um tiro e está internado. Imagine seu choro ao ouvir a confirmação da morte pela bala da PM.
Imagine ligar para a mãe do rapaz pedindo para vir ao Pronto Socorro e somente lá, frente a frente, informá-la da morte do filho primogênito.Imagine a solidão de ser o primeiro da família a ver na "pedra", embrulhado em um saco plástico negro o corpo rígido de seu primo, notar os buracos causados pela bala no braço esquerdo e no tórax, perceber sua palidez, lembrar que o viu na barriga da mãe, das muitas vezes que o carregou no colo, de como falava muito e alto, de sua extroversão, da sua paixão pela informática.
Imagine ter de comunicar a morte aos tios, dividir a responsabilidade de falar com a polícia técnica e ouvir, uma hora e meia depois, o rapaz que o acordou de madrugada dizer que ainda não havia conseguido prestar queixa.
Imagine entrar na casa de seus avós maternos às sete horas da manhã para comunicar-lhes, malditas lágrimas incontidas, que a PM chegou para apartar uma briga sem o devido preparo e atirou para cima, acertando Sandro, que estava escorado no parapeito da pizzaria, bem longe da confusão.
Agora, tente ouvir os gritos desesperados da avó e visualizar o avô caindo no sofá, em estado de choque. Avance um pouco no tempo e tente entender o que dois supostos investigadores da Força Tática tanto insistem em querer conversar com o médico legista, ouvi-los dizer ao pai do rapaz que sabem de sua dor e lamentam o ocorrido.
Abra um parêntese para ouvir e ver o pai do menino lembrando de cada frase dita no seu último encontro, na sexta-feira 25, de como se tratavam, das gírias do filho, de seu tão próprio "valeu, men!", das noites jantando juntos, das confidências, de como quer justiça.
Feche o parêntese, espere seis horas pela liberação do corpo, providencie o velório, tente comer um pouco apenas para não cair de fraqueza, vá até o local da cerimônia e note como o menino era querido pelos colegas de escola e festa. Perceba a estupefação no rosto de dezenas de adolescentes, ouça seu choro, seus questionamentos sobre a ação da polícia, olhe no outro lado da rua, sentado na calçada, ainda desesperado, o rapaz que o levou até o Pronto Socorro e conta ter sido fechado três vezes pelo carro da PM, que não queria que levassem o corpo para ser atendido.
Abra novo parênteses e ouça, na segunda-feira 28, o comandante da PM dizer que há sempre várias versões em todo caso, todas sempre contraditórias, mas a "concreta" é a contada pelos seus subordinados. Tente distinguir aonde vai parar o inquérito da corporação e note as nuances de tendenciosidade.Enterre seu primo, console seus familiares, ouça as palavras dos amigos antes de fecharem a cova, a voz desesperada do pai. Volte para casa e converse com seu avô, escrivão e delegado de polícia na época do Território Federal de Roraima. Imagine o esforço que ele faz, prostrado na cama, para murmurar que na segunda seguinte iria com o menino checar preços de computadores para presenteá-lo. Acrescente a isso que aquele domingo fatídico era para ser um dia de festa e passeio familiar no sítio de amigos para comemorar o nascimento, no mesmo dia, de mais uma prima de Sandro.
Agora, resuma tudo isso no desconforto trazido pela realidade da morte, na estúpida esperança do retorno da normalidade, de que tudo foi um sonho, na lembrança recorrente de momentos passados juntos com o menino, quando ele falava bobagens ou quando parava ouvir histórias de adultos. Acrescente o medo de que algo assim atinja outros parentes e está o formado o quadro das famílias de Sandro, chamado em casa de Taffarel e na rua de Ômega.
Depois de todo este esforço, lembre que este é o terceiro ou quarto caso de morte envolvendo policiais civis e militares neste ano e pense para onde vai todo o dinheiro investido na capacitação destas pessoas.
Imagine ligar para a mãe do rapaz pedindo para vir ao Pronto Socorro e somente lá, frente a frente, informá-la da morte do filho primogênito.Imagine a solidão de ser o primeiro da família a ver na "pedra", embrulhado em um saco plástico negro o corpo rígido de seu primo, notar os buracos causados pela bala no braço esquerdo e no tórax, perceber sua palidez, lembrar que o viu na barriga da mãe, das muitas vezes que o carregou no colo, de como falava muito e alto, de sua extroversão, da sua paixão pela informática.
Imagine ter de comunicar a morte aos tios, dividir a responsabilidade de falar com a polícia técnica e ouvir, uma hora e meia depois, o rapaz que o acordou de madrugada dizer que ainda não havia conseguido prestar queixa.
Imagine entrar na casa de seus avós maternos às sete horas da manhã para comunicar-lhes, malditas lágrimas incontidas, que a PM chegou para apartar uma briga sem o devido preparo e atirou para cima, acertando Sandro, que estava escorado no parapeito da pizzaria, bem longe da confusão.
Agora, tente ouvir os gritos desesperados da avó e visualizar o avô caindo no sofá, em estado de choque. Avance um pouco no tempo e tente entender o que dois supostos investigadores da Força Tática tanto insistem em querer conversar com o médico legista, ouvi-los dizer ao pai do rapaz que sabem de sua dor e lamentam o ocorrido.
Abra um parêntese para ouvir e ver o pai do menino lembrando de cada frase dita no seu último encontro, na sexta-feira 25, de como se tratavam, das gírias do filho, de seu tão próprio "valeu, men!", das noites jantando juntos, das confidências, de como quer justiça.
Feche o parêntese, espere seis horas pela liberação do corpo, providencie o velório, tente comer um pouco apenas para não cair de fraqueza, vá até o local da cerimônia e note como o menino era querido pelos colegas de escola e festa. Perceba a estupefação no rosto de dezenas de adolescentes, ouça seu choro, seus questionamentos sobre a ação da polícia, olhe no outro lado da rua, sentado na calçada, ainda desesperado, o rapaz que o levou até o Pronto Socorro e conta ter sido fechado três vezes pelo carro da PM, que não queria que levassem o corpo para ser atendido.
Abra novo parênteses e ouça, na segunda-feira 28, o comandante da PM dizer que há sempre várias versões em todo caso, todas sempre contraditórias, mas a "concreta" é a contada pelos seus subordinados. Tente distinguir aonde vai parar o inquérito da corporação e note as nuances de tendenciosidade.Enterre seu primo, console seus familiares, ouça as palavras dos amigos antes de fecharem a cova, a voz desesperada do pai. Volte para casa e converse com seu avô, escrivão e delegado de polícia na época do Território Federal de Roraima. Imagine o esforço que ele faz, prostrado na cama, para murmurar que na segunda seguinte iria com o menino checar preços de computadores para presenteá-lo. Acrescente a isso que aquele domingo fatídico era para ser um dia de festa e passeio familiar no sítio de amigos para comemorar o nascimento, no mesmo dia, de mais uma prima de Sandro.
Agora, resuma tudo isso no desconforto trazido pela realidade da morte, na estúpida esperança do retorno da normalidade, de que tudo foi um sonho, na lembrança recorrente de momentos passados juntos com o menino, quando ele falava bobagens ou quando parava ouvir histórias de adultos. Acrescente o medo de que algo assim atinja outros parentes e está o formado o quadro das famílias de Sandro, chamado em casa de Taffarel e na rua de Ômega.
Depois de todo este esforço, lembre que este é o terceiro ou quarto caso de morte envolvendo policiais civis e militares neste ano e pense para onde vai todo o dinheiro investido na capacitação destas pessoas.
25 de novembro de 2005
Até a desgraça tem seu lado bom...
Divinópolis/MG - Meninada,
se existe alguma Mãe neste momento lendo o Ciberdissidência, favor pronunciar... pois farei uma pergunta muito séria:
Alguma de vocês teria coragem de entregar a própria filha para a polícia?
Quem disse que não, mudaria de idéia ao saber que sua filha vendeu a câmera de vídeo da família e dentro dela, um vídeo caseiro pornô estrelado por você?
Pois é, isso aconteceu de verdade no Canadá.
Uma garota, que precisava de dinheiro, vendeu a câmera da família, sem saber que dentro dela, acompanhava uma produção de pornô caseiro de sua, até então, "inocente mamãe" e seu namorado.
A mãe só se deu conta que a câmera havia sumido, quando seu namorado lhe contou que o vídeo estava circulando pela cidade e revoltada com isso, chamou a polícia e acusou a filha de roubo.
Quando a polícia chegou, a garota admitiu que pegou o aparelho do quarto da mãe e o vendeu para um amigo por 100 libras (R$ 380, aproximadamente), mas ficou horrorizada com a mãe ao saber de suas fantasias sexuais.
Na verdade, acho que essa mãe deveria repensar no que fez a filha. Nem tudo foi ruim. Imagina só, se essa menina fosse brasileira?
Ela teria assistido ao filme, vendido a câmera, teria feito chantagem, cobraria resgate pela fita e depois que recebesse o dinheiro, ainda colocaria o filme na Internet.
Por isso que sempre digo: "Até a pior desgraça tem seu lado bom!"
se existe alguma Mãe neste momento lendo o Ciberdissidência, favor pronunciar... pois farei uma pergunta muito séria:
Alguma de vocês teria coragem de entregar a própria filha para a polícia?
Quem disse que não, mudaria de idéia ao saber que sua filha vendeu a câmera de vídeo da família e dentro dela, um vídeo caseiro pornô estrelado por você?
Pois é, isso aconteceu de verdade no Canadá.
Uma garota, que precisava de dinheiro, vendeu a câmera da família, sem saber que dentro dela, acompanhava uma produção de pornô caseiro de sua, até então, "inocente mamãe" e seu namorado.
A mãe só se deu conta que a câmera havia sumido, quando seu namorado lhe contou que o vídeo estava circulando pela cidade e revoltada com isso, chamou a polícia e acusou a filha de roubo.
Quando a polícia chegou, a garota admitiu que pegou o aparelho do quarto da mãe e o vendeu para um amigo por 100 libras (R$ 380, aproximadamente), mas ficou horrorizada com a mãe ao saber de suas fantasias sexuais.
Na verdade, acho que essa mãe deveria repensar no que fez a filha. Nem tudo foi ruim. Imagina só, se essa menina fosse brasileira?
Ela teria assistido ao filme, vendido a câmera, teria feito chantagem, cobraria resgate pela fita e depois que recebesse o dinheiro, ainda colocaria o filme na Internet.
Por isso que sempre digo: "Até a pior desgraça tem seu lado bom!"
23 de novembro de 2005
Ciberdissidência tá na moda
Belo Horizonte - Até o escritório das Nações Unidas na Suiça (Genebra? Será que foi o Clóvis Rossi??) já acessou o Ciberdissidência. Somos lidos no Canadá, na Suécia e na Ucrânia; nos Estados Unidos, em Portugal, no Uruguai e na Alemanha. Os contadores dispararam, mas já aumentamos o número de servidores para atender aos usuários. Já recebemos propostas da Microsoft e do Google, mas não estamos à venda. Abaixo, os últimos acessos ao melhor blog coletivo de todos os tempos da última semana, devidamente contabilizados pela Nedstat.
1. 22 November 11:36 United Nations Office, Switzerland
2. 22 November 11:36 Kiev Navigator, Ukraine
3. 22 November 13:34 Comcast Communications, United States
4. 22 November 16:48 CTBC, Brazil
5. 22 November 17:27 Embratel, Brazil
6. 22 November 18:29 Telemar, Brazil
7. 22 November 21:42 Virtua Net, Brazil
8. 22 November 21:46 Virtua Net, Brazil
9. 22 November 21:49 Optimum Online, United States
10. 22 November 21:56 Virtua Net, Brazil
1. 22 November 11:36 United Nations Office, Switzerland
2. 22 November 11:36 Kiev Navigator, Ukraine
3. 22 November 13:34 Comcast Communications, United States
4. 22 November 16:48 CTBC, Brazil
5. 22 November 17:27 Embratel, Brazil
6. 22 November 18:29 Telemar, Brazil
7. 22 November 21:42 Virtua Net, Brazil
8. 22 November 21:46 Virtua Net, Brazil
9. 22 November 21:49 Optimum Online, United States
10. 22 November 21:56 Virtua Net, Brazil
22 de novembro de 2005
Lúcio Flávio Pinto
Lúcio Flávio Pinto: premiado e ameaçado
Do sítio Coalizão Rios Vivos
Manaus - O jornalista paraense LÚCIO FLÁVIO PINTO, editor do Jornal Pessoal, necessita do apoio incondicional da opinião pública brasileira por ser vítima permanente de perseguições e injustiças em represália à sua determinação de buscar a verdade no cumprimento dos preceitos universais do jornalismo. Entre os que querem calar Lúcio Flávio encontram-se os dirigentes do grupo de comunicação Organizações Rômulo Maiorana (ORM) e representantes da Justiça do Pará.
Acesse a matéria e assine a lista em favor do jornalista.
Do sítio Coalizão Rios Vivos
Manaus - O jornalista paraense LÚCIO FLÁVIO PINTO, editor do Jornal Pessoal, necessita do apoio incondicional da opinião pública brasileira por ser vítima permanente de perseguições e injustiças em represália à sua determinação de buscar a verdade no cumprimento dos preceitos universais do jornalismo. Entre os que querem calar Lúcio Flávio encontram-se os dirigentes do grupo de comunicação Organizações Rômulo Maiorana (ORM) e representantes da Justiça do Pará.
Acesse a matéria e assine a lista em favor do jornalista.
21 de novembro de 2005
João Kléber, de novo
Belo Horizonte - Rei absoluto da baixaria na televisão, João Kléber foi responsávelpor deixar a Rede TV quase 25 horas fora do ar na semana passada, causando prejuízo descomunal. Dizem que foi bom enquanto durou, mas não tive o prazer de ver a emissora fora do ar. A medida só atingiu à transmissão por sinal aberto. Pena. Agora faltam o Pânico na TV e o TV fama.
17 de novembro de 2005
11 de novembro de 2005
7 de novembro de 2005
Irresponsabilidade
Divinópolis-MG: Meninada,
apesar de sempre escrever (no Cantin do Jô e no Jornal MAGAZINE) textos com uma linha mais humorada, infelizmente neste, eu não terei o mesmo prazer.
Semana passada, aconteceu um acidente de automóvel em uma estrada próxima de minha cidade. Até aí, para mim, seria apenas mais um infeliz acontecimento, se não fosse minha ligação com uma das vítimas.
Ayla Borges, de apenas 15 anos, neta do cantor Gino (Gino e Geno), morreu ao ter o carro onde viajava, atropelado por um caminhão cegonha.
O acidente foi uma completa irresponsabilidade do motorista da cegonheira, que além de não ter prestado socorro, ainda estava errado em mais dois fatores:
1 - As cegonheiras são proibidas de viajar durante a madrugada.
2 - A cegonheira estava na contra mão, tentando ultrapassar uma carreta de bebidas.
Espero que me entendam, mas não agüento ouvir dizerem que acidentes assim são culpa do governo, que não investe em boas estradas.
Concordo que o governo tem lá sua parcela de cupa, mas aí eu te pergunto: E quanto à irresponsabilidade dos motoristas brasileiros? Será que o governo tem culpa disso também?
Gostaria apenas de deixar um alerta: Quando for viajar, viaje com cuidado. Não arrisque sua a vida, ou pior, não coloque suas noites de sono em risco, ao se lembrar que poderia ter evitado matar pessoas inocentes, se soubesse o significado de uma palavra que deve ser a eterna aliada do motorista: a REPONSABILIDADE.
apesar de sempre escrever (no Cantin do Jô e no Jornal MAGAZINE) textos com uma linha mais humorada, infelizmente neste, eu não terei o mesmo prazer.
Semana passada, aconteceu um acidente de automóvel em uma estrada próxima de minha cidade. Até aí, para mim, seria apenas mais um infeliz acontecimento, se não fosse minha ligação com uma das vítimas.
Ayla Borges, de apenas 15 anos, neta do cantor Gino (Gino e Geno), morreu ao ter o carro onde viajava, atropelado por um caminhão cegonha.
O acidente foi uma completa irresponsabilidade do motorista da cegonheira, que além de não ter prestado socorro, ainda estava errado em mais dois fatores:
1 - As cegonheiras são proibidas de viajar durante a madrugada.
2 - A cegonheira estava na contra mão, tentando ultrapassar uma carreta de bebidas.
Espero que me entendam, mas não agüento ouvir dizerem que acidentes assim são culpa do governo, que não investe em boas estradas.
Concordo que o governo tem lá sua parcela de cupa, mas aí eu te pergunto: E quanto à irresponsabilidade dos motoristas brasileiros? Será que o governo tem culpa disso também?
Gostaria apenas de deixar um alerta: Quando for viajar, viaje com cuidado. Não arrisque sua a vida, ou pior, não coloque suas noites de sono em risco, ao se lembrar que poderia ter evitado matar pessoas inocentes, se soubesse o significado de uma palavra que deve ser a eterna aliada do motorista: a REPONSABILIDADE.
1 de novembro de 2005
Cultura
Boa Vista - Nos últimos meses a população brasileira vem acompanhando uma enxurrada de denúncias de naipes diferentes que deixa qualquer cidadão de cabelos ouriçados. Os jornais, telejornais, programas de rádio e revistas mostram que no Brasil se criou a cultura de levar vantagem e a maioria dos políticos adotou essa conduta como praxe.
O interessante é que os políticos, claro que com algumas exceções, parecem não estar nem um pouco preocupados com o que possa acontecer. A impressão que fica é que eles estão imunes a qualquer ataque, seja da Justiça, seja do eleitor na hora do voto. Essa introdução é para falar a respeito da relação dos aprovados para receber o Bolsa Escola. O projeto, teoricamente, deveria ser usado para ajudar estudantes carentes e que têm dificuldades para pagar as mensalidades dos cursos que estão fazendo. Era preciso comprovar que o beneficiado carente preenchia todos os requisitos amparados pela lei aprovada na Assembléia Legislativa.
O fato é que depois de aprovado e sancionado o projeto passou a ser usado politicamente. O primeiro erro foi colocar a Secretaria de Trabalho e Bem Estar Social à frente do “negócio”. A Lei é clara e define que a Secretaria de Educação é a responsável pelo desenvolvimento do projeto. O segundo erro foi a forma de se cadastrar e selecionar as pessoas carentes com direito ao benefício. Conheço pelo menos cinco pessoas que se quer foram visitadas para saber das reais condições financeiras e que tiveram seus nomes rejeitados. Conheço, também, outras que constam na lista e que não precisam de tal benefício. Acontece que resolveram usar o projeto como instrumento de barganha política. Seria mais ou menos assim: você ganha x bolsas e em troca você me ajuda mais na frente.
O Ministério Público Estadual já está investigando o caso e em breve novos fatos virão à tona. Não será surpresa se alguns nomes conhecidos do metier político estiverem envolvidos. Com mais essa denúncia, fica claro que “ninguém” teme a Justiça, que “ninguém” está preocupado com o ético, com o moral, com transparência e com honestidade. Fica claro que o que vale é ganhar, nem que para isso prejudique outros mais necessitados. Mas o pior é saber que nada vai acontecer, que a cultura do “toma lá, dá cá” impera. Mesmo assim vamos continuar escrevendo, falando e cobrando ações das autoridades responsáveis pela Justiça e daqueles que elegem esses crápulas para o Poder. Está na hora de exigir um basta nessa bandalheira toda.
O interessante é que os políticos, claro que com algumas exceções, parecem não estar nem um pouco preocupados com o que possa acontecer. A impressão que fica é que eles estão imunes a qualquer ataque, seja da Justiça, seja do eleitor na hora do voto. Essa introdução é para falar a respeito da relação dos aprovados para receber o Bolsa Escola. O projeto, teoricamente, deveria ser usado para ajudar estudantes carentes e que têm dificuldades para pagar as mensalidades dos cursos que estão fazendo. Era preciso comprovar que o beneficiado carente preenchia todos os requisitos amparados pela lei aprovada na Assembléia Legislativa.
O fato é que depois de aprovado e sancionado o projeto passou a ser usado politicamente. O primeiro erro foi colocar a Secretaria de Trabalho e Bem Estar Social à frente do “negócio”. A Lei é clara e define que a Secretaria de Educação é a responsável pelo desenvolvimento do projeto. O segundo erro foi a forma de se cadastrar e selecionar as pessoas carentes com direito ao benefício. Conheço pelo menos cinco pessoas que se quer foram visitadas para saber das reais condições financeiras e que tiveram seus nomes rejeitados. Conheço, também, outras que constam na lista e que não precisam de tal benefício. Acontece que resolveram usar o projeto como instrumento de barganha política. Seria mais ou menos assim: você ganha x bolsas e em troca você me ajuda mais na frente.
O Ministério Público Estadual já está investigando o caso e em breve novos fatos virão à tona. Não será surpresa se alguns nomes conhecidos do metier político estiverem envolvidos. Com mais essa denúncia, fica claro que “ninguém” teme a Justiça, que “ninguém” está preocupado com o ético, com o moral, com transparência e com honestidade. Fica claro que o que vale é ganhar, nem que para isso prejudique outros mais necessitados. Mas o pior é saber que nada vai acontecer, que a cultura do “toma lá, dá cá” impera. Mesmo assim vamos continuar escrevendo, falando e cobrando ações das autoridades responsáveis pela Justiça e daqueles que elegem esses crápulas para o Poder. Está na hora de exigir um basta nessa bandalheira toda.
30 de outubro de 2005
Democracia
O POST DO ISRAEL Barros é justo e impactante, mas os efeitos dele nos comentários são um exemplo cabal de como a blogosfera engendra a cidadania social. Confira.
24 de outubro de 2005
Invasão roqueira
Boa Vista - Expulsos pela vizinhança, que chamou a polícia para dar um jeito na zoeira da bateria e das guitarras, bandas e público deixaram na sexta (21) o bar Tribos do Rock, no bairro Liberdade, zona oeste de Boa Vista, e decidiram tomar de assalto o pequeno palco da praça do vizinho bairro Pricumã, a uns dois quilômetros de distância.
Com um som improvisado e muita disposição, as bandas apresentaram-se para um grupo de aproximadamente 80 pessoas, de idades variadas e bastante vontade de ouvir rock na praça, completamente vazia até a chegada dos invasores. Entre 22 e uma da manhã, tocaram, entre as que me lembro o nome, as bandas Mr. Jungle, Sheep e LN3.
Quem passava em frente à praça, logo parava e dizia surpreso "que não estava sabendo do show" e "que estava gostando muito da idéia". Da vizinhança, pouco a pouco apareciam caras novas, surpresas com a movimentação.
As apresentações da Mr. Jungle e da LN3 priorizaram as composições próprias e a turma do gargalo acompanhou as letras mais conhecidas. Na verdade, havia esse pedaço do público, a menos de um metro das bandas, e o que estava a uns 10 metros, bebendo e conversando.
O abastecimento de bebidas, doces e salgados para os esfomeados ficou por conta da loja de conveniências do posto de gasolina atrás do palco. Outros já chegaram na festa improvisada com o seu garrafão de vinho, gelo e copos de plástico para manter-se devidamente hidratados.
O bom de o som ser basicamente plugar e cantar, sem muita equalização para fazer, é que os intervalos entre as bandas eram mínimos. Mas a clareza dos vocais não foi essas coisas. Coisas aceitáveis numa invasão de praça para fazer roquenrol e movimentar a cena musical roraimense.
Sobre a hora exata do fim da farra, os que ficaram até o final e foram consultados na outra noite, no show de Tributo a Pink Floyd, não souberam definir com certeza. Mas parece que passou fácil das 2h30 da madrugada.
Para a próxima sexta, segundo foi dito, o encontro está marcado para cedo no Tribos do Rock, lá pelas 17h. Assim haverá tempo para ouvir muita música até que bata o toque de silêncio das dez da noite. E já houve quem falasse também em ocupar novamente a praça do Pricumã.
Com um som improvisado e muita disposição, as bandas apresentaram-se para um grupo de aproximadamente 80 pessoas, de idades variadas e bastante vontade de ouvir rock na praça, completamente vazia até a chegada dos invasores. Entre 22 e uma da manhã, tocaram, entre as que me lembro o nome, as bandas Mr. Jungle, Sheep e LN3.
Quem passava em frente à praça, logo parava e dizia surpreso "que não estava sabendo do show" e "que estava gostando muito da idéia". Da vizinhança, pouco a pouco apareciam caras novas, surpresas com a movimentação.
As apresentações da Mr. Jungle e da LN3 priorizaram as composições próprias e a turma do gargalo acompanhou as letras mais conhecidas. Na verdade, havia esse pedaço do público, a menos de um metro das bandas, e o que estava a uns 10 metros, bebendo e conversando.
O abastecimento de bebidas, doces e salgados para os esfomeados ficou por conta da loja de conveniências do posto de gasolina atrás do palco. Outros já chegaram na festa improvisada com o seu garrafão de vinho, gelo e copos de plástico para manter-se devidamente hidratados.
O bom de o som ser basicamente plugar e cantar, sem muita equalização para fazer, é que os intervalos entre as bandas eram mínimos. Mas a clareza dos vocais não foi essas coisas. Coisas aceitáveis numa invasão de praça para fazer roquenrol e movimentar a cena musical roraimense.
Sobre a hora exata do fim da farra, os que ficaram até o final e foram consultados na outra noite, no show de Tributo a Pink Floyd, não souberam definir com certeza. Mas parece que passou fácil das 2h30 da madrugada.
Para a próxima sexta, segundo foi dito, o encontro está marcado para cedo no Tribos do Rock, lá pelas 17h. Assim haverá tempo para ouvir muita música até que bata o toque de silêncio das dez da noite. E já houve quem falasse também em ocupar novamente a praça do Pricumã.
Referendo
Belo Horizonte -Somos uma nação de bárbaros que detém o recorde mundial em número de assassinatos (o Iraque é mais seguro) e ainda decide que comercializar artefatos de assassínio e portar armas de fogo é um exercício de democracia. O pensamento futebolístico prevaleceu.
21 de outubro de 2005
Esse tal de livre arbítrio, segundo os evangélicos
Boa Vista - Sim, há quem diga que as armas são necessárias em todas as casas. Afinal, como a população, treinadíssima no uso de armamentos, poderá defender-se da violência que vem da rua? Como vai responder com fogo a uma agressão a sua propriedade? E de mais a mais, proibir é coisa da ditadura, não de uma bela democracia como a brasileira.
São argumentos meia-boca, mas que deixam na dúvida algumas pessoas. Agora, dizer que o direito de ter uma arma é uma perrogativa divina e que depende do livre arbítrio que o homem ganhou no ato da criação, bem lá no Gênesis, é demais.
Depois dizem que não gosto dos evangélicos.
São argumentos meia-boca, mas que deixam na dúvida algumas pessoas. Agora, dizer que o direito de ter uma arma é uma perrogativa divina e que depende do livre arbítrio que o homem ganhou no ato da criação, bem lá no Gênesis, é demais.
Depois dizem que não gosto dos evangélicos.
13 de outubro de 2005
Referendo Utópico
Divinópolis - Meninada, o referendo brasileiro sobre a legalização das armas, está mais emocionante do que o Campeonato Brasileiro. Pelo menos nele, ainda não teve manipulação de resultados (lembre-se, eu escrevi “ainda”).
Os dois lados são claros: o primeiro é o governo utilizando todo recurso financeiro e atores globais disponíveis para desviar a atenção das vagarosas CPIs, já o segundo é a Bancada da Bala, que não quer perder este rentável negócio de fabricação de armas.
Eu nem sei em qual opção votar, acho que os dois lados têm a razão. O “Sim” tem muito argumento de apelo emocional, já o “Não” tem defendido que o referendo é uma afronta ao direito de escolha do cidadão, já que ele tem por direito decidir se quer ter uma arma ou não.
Porém, apesar da função política deste referendo, tento utopicamente pensar que nós brasileiros estamos na contra-mão mundial.
Enquanto muitos países desenvolvem armas, distribuem para países de terceiro mundo em guerras civis e estes ainda as entregam nas mãos de suas crianças, para que aprendam a lutar e eliminar o inimigo desde cedo, nós brasileiros temos a oportunidade de escolher acabar com o negócio mais rentável do mundo, apenas usando um dedo.
É ou não é um ponto de vista interessante?
Pelo menos para minha utopia pessoal, sim!
Os dois lados são claros: o primeiro é o governo utilizando todo recurso financeiro e atores globais disponíveis para desviar a atenção das vagarosas CPIs, já o segundo é a Bancada da Bala, que não quer perder este rentável negócio de fabricação de armas.
Eu nem sei em qual opção votar, acho que os dois lados têm a razão. O “Sim” tem muito argumento de apelo emocional, já o “Não” tem defendido que o referendo é uma afronta ao direito de escolha do cidadão, já que ele tem por direito decidir se quer ter uma arma ou não.
Porém, apesar da função política deste referendo, tento utopicamente pensar que nós brasileiros estamos na contra-mão mundial.
Enquanto muitos países desenvolvem armas, distribuem para países de terceiro mundo em guerras civis e estes ainda as entregam nas mãos de suas crianças, para que aprendam a lutar e eliminar o inimigo desde cedo, nós brasileiros temos a oportunidade de escolher acabar com o negócio mais rentável do mundo, apenas usando um dedo.
É ou não é um ponto de vista interessante?
Pelo menos para minha utopia pessoal, sim!
Trecho retirado do blog de crônicas: Cantin do Jô
10 de outubro de 2005
Extrema direita religiosa
Boa Vista - Além de eleger-se usando a fé como principal proposta eleitoral, sem propostas sólidas fora do altar, a bancada evangélica usa despudoramente a tribuna da Câmara Federal para fazer proselitismo e atacar as minorias.
Até aí, tudo bem. Não se pode esperar muito de uma bancada que se fez forte na base da coerção religiosa, da isenção de impostos para suas igrejas e que tem como principal argumento a falaciosa afirmativa de representarem, em suas diversas facções, a palavra do que chamam de único e verdadeiro deus.
Afinal, se a verdade está com eles, que se danem as diferenças culturais deste planeta chamado Terra.
Mas que deviam respeitar a língua portuguesa e contratar revisores para os textos que enviam aos jornais, ah, isso deviam. Quem sabe assim, poupavam o mundo de títulos como este:
Propaganda promotora do homssezualismo - Pastor Frankembergen
Até aí, tudo bem. Não se pode esperar muito de uma bancada que se fez forte na base da coerção religiosa, da isenção de impostos para suas igrejas e que tem como principal argumento a falaciosa afirmativa de representarem, em suas diversas facções, a palavra do que chamam de único e verdadeiro deus.
Afinal, se a verdade está com eles, que se danem as diferenças culturais deste planeta chamado Terra.
Mas que deviam respeitar a língua portuguesa e contratar revisores para os textos que enviam aos jornais, ah, isso deviam. Quem sabe assim, poupavam o mundo de títulos como este:
Propaganda promotora do homssezualismo - Pastor Frankembergen
6 de outubro de 2005
Armas
Belo Horizonte - O referendo sobre a legalidade da venda de armas de fogo no Brasil tornou-se uma guerra entre pesquisas que não ajuda ninguém a refletir sobre o assunto, embora tenha sido útil a novas discussões sobre o papel da mídia na cidadania. De um lado, a campanha pela proibição abusa da imagem de artistas e celebridades, esquecendo do cidadão comum. De outro, o povo bélico questiona as pesquisas apresentadas pela campanha adversária, o que é insuficiente para convencer a todos que carregar armas por aí, como nos tempos das diligências, é um direito fundamental. Mas qual a definição de direito? O Vitor, que é o assessor jurídico do Ciberdissidência, pode nos ajudar nesse imbroglio: portar uma arma e poder matar os outros é um direito? Para a Lei, isso tem a mesma importância que o direito à vida?
3 de outubro de 2005
29 de setembro de 2005
Juntando os cacos
Belo Horizonte - A apertada eleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara dos Deputados mantém a seqüência de eventos surpreendentes na política nacional desde a eleição de um ex-operário como presidente da República. A saraivada de denúncias que milagrosamente não respingou em Lula - até José Dirceu anda se jactando da falta de provas contra si - estagnou entre um punhado de deputados comprovadamente envolvidos com caixa dois e corrupção. A lama em Brasília, diferente de New Orleans, está sendo contida com os diques das CPIs.
Rebelo, como Lula, é um enfant terrible no cenário político. Filho de vaqueiro, cresceu no meio rural e só não seguiu a carreira do pai porque na fazenda havia uma escola. O Brasil tem um presidente da Câmara filiado ao PC do B e não há golpe em vista. Agora cabe ao PT derrubar o Campo Majoritário da sua direção, em nome da credibilidade. Entretanto, duas perguntas pairam no ar: 1 - A nova direção do parlamento é um indício da solução da crise? 2 - A reeleição de Lula continua sob ameaça ou dá tempo de virar o jogo?
Rebelo, como Lula, é um enfant terrible no cenário político. Filho de vaqueiro, cresceu no meio rural e só não seguiu a carreira do pai porque na fazenda havia uma escola. O Brasil tem um presidente da Câmara filiado ao PC do B e não há golpe em vista. Agora cabe ao PT derrubar o Campo Majoritário da sua direção, em nome da credibilidade. Entretanto, duas perguntas pairam no ar: 1 - A nova direção do parlamento é um indício da solução da crise? 2 - A reeleição de Lula continua sob ameaça ou dá tempo de virar o jogo?
28 de setembro de 2005
Sujeira
Boa Vista - Desconfio seriamente de que o governador Ottomar Pinto anda mal aconselhado no que se refere a hábitos de higiene. Além da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima despejar esgotos em um igarapé da cidade, o governador está firme no propósito de criar um conjunto habitacional nas redondezas da Lagoa de Estabilização e na área da antiga lixeira pública.
O governador Ottomar e seus assessores devem achar que água limpa e ar poluído não fazem mal a ninguém ou que o falido sistema de saúde estadual (que ele jurou arrumar em três meses vencidos no ano passado) vão dar conta da pá de gente doente que vai aparecer por conta das ações de sua gestão.
No mínimo, sem conhecimento profundo de medicina, aposto em doenças de pele e respiratórias, além do desconforto quando bater um ventinho na direção do terreno que os invasores denominaram (e a imprensa comprou o nome) de bairro ou conjunto Brigadeiro.
O governador Ottomar e seus assessores devem achar que água limpa e ar poluído não fazem mal a ninguém ou que o falido sistema de saúde estadual (que ele jurou arrumar em três meses vencidos no ano passado) vão dar conta da pá de gente doente que vai aparecer por conta das ações de sua gestão.
No mínimo, sem conhecimento profundo de medicina, aposto em doenças de pele e respiratórias, além do desconforto quando bater um ventinho na direção do terreno que os invasores denominaram (e a imprensa comprou o nome) de bairro ou conjunto Brigadeiro.
17 de setembro de 2005
Homens encapuzados invadem e tocam fogo em Centro Indígena de Formação
Boa Vista - Faltando quatro dias para começar a festa da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, cerca de 150 homens encapuzados e armados com revólveres, espingardas, facões e pedaços de pau, invadiram e tocaram fogo, nesta madrugada, no Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, antiga Missão Surumu, a cerca de 230 quilômetros de Boa Vista.
Segundo informações colhidas por uma equipe do Conselho Indígena de Roraima – CIR, que esteve no local hoje pela manhã, o vandalismo foi coordenado, supostamente, pelo vice-prefeito de Pacaraima, Anísio Pedrosa, e pelo vereador do município e tuxaua da aldeia Contão, Genilvaldo Macuxi.
Os dois são ligados ao prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, maior produtor de arroz da região.A antiga Missão Surumu também foi invadida e depredada em janeiro de 2004 pelo mesmo grupo comandado por Quartieiro, que ameaça resistência armada a qualquer tentativa de retirada da área, homologada no dia 15 de abril pelo presidente Lula da Silva.
Em 2004, três missionários foram seqüestrados e, mesmo a Polícia Federal tendo indiciado arrozeiros e líderes indígenas, até hoje niguém foi punido.No ataque desta madrugada, as instalações do Centro foram completamente destruídas: igreja, hospital, dormitórios, refeitório masculino e feminino, banheiros, biblioteca, sala e quartos dos professores. (veja fotos no site www.cir.org.br).
Durante a invasão, um professor do curso de Mecânica e cerca de 30 alunos estavam no Centro de Formação. O professor Júlio que trabalha para o Senai, entidade parceira do Centro, foi agredido fisicamente, mas não corre perigo de morte.Um veículo Toyota do Convênio do CIR com a Funasa para Atenção Básica à Saúde no Distrito Sanitário Leste de Roraima, que fazia remoção de um paciente para Boa Vista, também foi interceptado pelo grupo. Os motoristas tiveram armas apontadas para suas cabeças, sofreram humilhações, agressões verbais e o carro foi depredado e o paciente indígena agredido fisicamente.
Após a agressão, uma aeronave foi fretada para remover a vítima. A Polícia Federal foi comunicada dos acontecimentos e nas primeiras horas da manhã de hoje enviou uma equipe para o local. Por volta do meio dia, os agentes chegaram em Boa Vista trazendo alunos, professor e lideranças indígenas para prestarem depoimentos.
O Conselho Indígena de Roraima repudia mais essa atitude covarde dos setores contrários aos direitos indígenas, manipulados por grupos políticos e econômicos, que historicamente usam a violência e valem-se da impunidade para conquistar os seus objetivos.
Conselho Indígena de Roraima
Discriminação
Boa Vista - O secretário de Agricultura do Estado, Álvaro Calegari, foi à Assembléia Legislativa essa semana para falar a respeito das ações que o governo vem desenvolvendo em todo o Estado. O ponto alto do discurso foi o seguinte: "Casa de farinha, nós temos um universo de comunidades indígenas que eles só sabem fazer duas coisas: fazer farinha e, lamentavelmente, fazer filhos. Você vai numa maloca dessas e o que tem de crianças é um absurdo. Então uma casa de farinha numa comunidade indígena é a mesma coisa que dar uma L-200 para produtores ou pecuaristas".
O lamentável é ter gente com opinião desse tipo. O secretário errou várias vezes: índio faz muitas coisas que ele não deve conhecer; todos têm direito de fazer filhos e isso não é lamentável; é maravilhoso chegar em qualquer lugar e ver muitas crianças, qual o problema?; será que casas de farinha resolve o principal problema que os índios enfrentam, a discriminação?
O governador erra muito e seus assessores muito mais. É por isso que Roraima não sai do lugar e quando sai, anda para trás.
O lamentável é ter gente com opinião desse tipo. O secretário errou várias vezes: índio faz muitas coisas que ele não deve conhecer; todos têm direito de fazer filhos e isso não é lamentável; é maravilhoso chegar em qualquer lugar e ver muitas crianças, qual o problema?; será que casas de farinha resolve o principal problema que os índios enfrentam, a discriminação?
O governador erra muito e seus assessores muito mais. É por isso que Roraima não sai do lugar e quando sai, anda para trás.
15 de setembro de 2005
Maluf na cadeia
Belo Horizonte - A notícia é velha, mas boa. Apesar de meu título eleitoral já ter outro endereço, é com imensa satisfação que recebo a notícia da prisão de Paulo Maluf e seu filho, Flávio Maluf. Corrupto insaciável, proxeneta dos militares, populista empedernido, Malluf precisava de uma cana há muito tempo. Quanto a Flávio, que não pôde escolher a família, só restou seguir os passos do pai. Dentro e fora da prisão. Que dure.
8 de setembro de 2005
Emera
Belo Horizonte - Nossa amiga Eduarda Matos morreu. Emera, seu nick na rede, rima com blogosfera. Seu blog era um sucesso no Brasil e fora dele. Foi através de seus escritos que meu amigo Carlos Saraiva a conheceu. O namoro virtual virou realidade e um dia os dois pintaram na nossa casa em São Paulo, onde fiz a foto que aparece no Orkut. Saraiva deixou Sampa e foi pra Fortaleza por causa dela. Dona de texto econômico, escreveu no lendário blog coletivo Canaimé, comigo, o Nei, Vítor, o Saraiva e o Vandré.
Leitora de Clarice e Mishima, fã de bom cinema e boa música, Eduarda era mística e correu o mundo, fazendo o próprio caminho. Na segunda-feira, depois de uma cirurgia mal-resolvida, Eduarda morreu. Atribuir culpas ou cultivar ressentimentos contra erros médicos, cada vez mais comuns porque cada vez mais tolerados, não a trará de volta. O Saraiva, em Fortaleza, curte sua dor ao lado dos pais de Eduarda.
Não deixe comentários aqui. Vá ao blog dele ou ao dela e diga qualquer coisa. Que Eduarda, como persona virtual, vive.
Leitora de Clarice e Mishima, fã de bom cinema e boa música, Eduarda era mística e correu o mundo, fazendo o próprio caminho. Na segunda-feira, depois de uma cirurgia mal-resolvida, Eduarda morreu. Atribuir culpas ou cultivar ressentimentos contra erros médicos, cada vez mais comuns porque cada vez mais tolerados, não a trará de volta. O Saraiva, em Fortaleza, curte sua dor ao lado dos pais de Eduarda.
Não deixe comentários aqui. Vá ao blog dele ou ao dela e diga qualquer coisa. Que Eduarda, como persona virtual, vive.
1 de setembro de 2005
Hélio Costa preocupa entidades da sociedade civil
A proximidade do novo ministro das Comunicações com o grande empresariado da área preocupa organizações da sociedade civil, que temem retrocessos nas políticas construídas nos últimos anos, sobretudo em radiodifusão digital, software livre e rádios comunitárias.
O primeiro questionamento de Costa se deu em relação ao Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), proposta de criação de uma política para a conversão da transmissão do sinal de TV do formato analógico para o digital com desenvolvimento científico, soluções e especifidades próprias voltadas às necessidades brasileiras. Para estudar esta possibilidade, o governo disponibilizou R$ 65 milhões para pesquisas em 11 áreas que hoje envolvem quase 80 instituições. Hélio Costa chegou a sugerir uma movimentação para jogar areia no SBTVD em prol da escolha de um dos padrões já existentes hoje no mundo (Estadunidense, Europeu ou Japonês). Mas uma preocupação mais emergencial das entidades da sociedade civil está na digitalização dos serviços de rádio: Hélio Costa vem anunciando que irá permitir transmissões em caráter experimental em 12 capitais do sinal de rádio digital a partir do modelo estadunidense, o IBOC (In Band On Channel). Estudos feitos por acadêmicos brasileiros já mostram que o IBOC funciona de forma totalmente proprietária (é preciso pagar royalties e não é possível produzir uma versão brasileira dos componentes e programas) e com pouca ou nenhuma margem de democratização do espectro eletromagnético (o que não permite mais estações de rádio no dial no processo de digitalização).
Uma das grandes surpresas do governo Lula, a política de inclusão digital, também já sofre os efeitos da presença de Hélio Costa. Na semana passada o ministro demitiu Antônio Albuquerque, responsável, entre outros, pelo programa Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), que hoje conta com 3.200 pontos de acesso à internet em todo o país, atendendo aproximadamente uma rede de 4 milhões de pessoas, entre elas, comunidades marginalizadas, nações indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais sem terra.
Do Centro de Mídia Independente
O primeiro questionamento de Costa se deu em relação ao Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), proposta de criação de uma política para a conversão da transmissão do sinal de TV do formato analógico para o digital com desenvolvimento científico, soluções e especifidades próprias voltadas às necessidades brasileiras. Para estudar esta possibilidade, o governo disponibilizou R$ 65 milhões para pesquisas em 11 áreas que hoje envolvem quase 80 instituições. Hélio Costa chegou a sugerir uma movimentação para jogar areia no SBTVD em prol da escolha de um dos padrões já existentes hoje no mundo (Estadunidense, Europeu ou Japonês). Mas uma preocupação mais emergencial das entidades da sociedade civil está na digitalização dos serviços de rádio: Hélio Costa vem anunciando que irá permitir transmissões em caráter experimental em 12 capitais do sinal de rádio digital a partir do modelo estadunidense, o IBOC (In Band On Channel). Estudos feitos por acadêmicos brasileiros já mostram que o IBOC funciona de forma totalmente proprietária (é preciso pagar royalties e não é possível produzir uma versão brasileira dos componentes e programas) e com pouca ou nenhuma margem de democratização do espectro eletromagnético (o que não permite mais estações de rádio no dial no processo de digitalização).
Uma das grandes surpresas do governo Lula, a política de inclusão digital, também já sofre os efeitos da presença de Hélio Costa. Na semana passada o ministro demitiu Antônio Albuquerque, responsável, entre outros, pelo programa Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), que hoje conta com 3.200 pontos de acesso à internet em todo o país, atendendo aproximadamente uma rede de 4 milhões de pessoas, entre elas, comunidades marginalizadas, nações indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais sem terra.
Do Centro de Mídia Independente
30 de agosto de 2005
Para quem ainda não percebeu
Boa Vista
"Um dos fundamentos da ordem econômica e social é o desemprego em massa e a ameaça que ela faz pesar sobre todos os que ainda dispõem de um trabalho."
Pierre Bordieu, no livro Contrafogos, Jorge Zahar Editores.
"Um dos fundamentos da ordem econômica e social é o desemprego em massa e a ameaça que ela faz pesar sobre todos os que ainda dispõem de um trabalho."
Pierre Bordieu, no livro Contrafogos, Jorge Zahar Editores.
29 de agosto de 2005
Relativizando
Boa Vista - A mídia brasileira esportiva anda histérica com a chegada do atacante Robinho ao Real Madrid e os elogios dos coleguinhas da Espanha.
Daí, é só virar a página e vem a histeria com o depoimento de algum delator.
Na editoria Internacional, o pavor é com o furacão Katrina.
Dizem que tudo isso é muito importante para a população, que se indigna e solidariza com pessoas e fatos distantes.
Dona Neném, que trabalha lá em casa, está preocupada mesmo é com a prova de português que vai fazer hoje à noite.
Daí, é só virar a página e vem a histeria com o depoimento de algum delator.
Na editoria Internacional, o pavor é com o furacão Katrina.
Dizem que tudo isso é muito importante para a população, que se indigna e solidariza com pessoas e fatos distantes.
Dona Neném, que trabalha lá em casa, está preocupada mesmo é com a prova de português que vai fazer hoje à noite.
27 de agosto de 2005
Bandidagem
Boa Vista - Ladrão, bandido, picareta e pilantra é o que não falta na política brasileira. A cada dia novas revelações dão conta de mais e mais corrupção. O pior de tudo isso é que vemos políticos com rabo de palha prontos para serem acesos, ateando fogo no rabo dos outros.
Uma pergunta que me faço sempre: quantos deputados e senadores não têm em seus currículos uma maracutaia resgistrada?
Uma pergunta que me faço sempre: quantos deputados e senadores não têm em seus currículos uma maracutaia resgistrada?
25 de agosto de 2005
É a mãe!!!
Hush, my baby. baby, don't you cry.
Momma's gonna make all of your nightmares come true.
Momma's gonna put all of her fears into you.
Momma's gonna keep you right here under her wing.
She won't let you fly, but she might let you sing.
(Pink Floyd)
Children, don't do what I have done
I couldn't walk and I tried to run
So I, I just got to tell you
Goodbye, goodbye
Mama don't go
(John Lennon)
Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar,
Dá a chupeta,
Dá a chupeta,
Dá a chupeta pro bebê não chorar
(Vicente Paiva e Jararaca)
Hei, mãe, eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo, isso foi tudo o que eu queria ter
Mas, hei, mãe, alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
(Humberto Gessinger)
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa, mas eu não faço nada
a luz do sol me incomoda então deixo a cortina fechada
é que a televisão me deixou burro muito burro demais
agora vivo dentro desta jaula junto dos animais
(Titãs)
Semana passada, esquartejei meu pai,
Botei sua cabeça na sala de jantar,
Amigos me perguntam: por que você fez isso?
Eu digo que sou frio, muito estranho e insensível.
Depois peguei aquela que um dia me pariu,
Ela gritou "meu filho", eu respondi "mamãe".
Que século vazio, ciência é coisa vã,
O certo é o que eu te digo:
Eu estuprei minha mãe
(Rogério Skylab)
Onde você tava, mamãe?
Tava na zorra
Meu colinho, mamãe
Eu tô na zorra
Joelhinho, mamãe
Eu tô na zorra
Umbiguinho, mamãe
Eu tô na zorra
No peitinho, mamãe
Eu tô na zorra
Na palminha, mamãe
Eu tô na zorra
(Leo Cavalcanti e Tenisson Del Rey)
Ai! Minha mãe, minha mãe
Ai! Minha mãe, minha mãe
Ai! Minha mãe, minha mãe
É a mulher do meu pai (repita até cansar)
(Falcão)
Momma's gonna make all of your nightmares come true.
Momma's gonna put all of her fears into you.
Momma's gonna keep you right here under her wing.
She won't let you fly, but she might let you sing.
(Pink Floyd)
Children, don't do what I have done
I couldn't walk and I tried to run
So I, I just got to tell you
Goodbye, goodbye
Mama don't go
(John Lennon)
Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar,
Dá a chupeta,
Dá a chupeta,
Dá a chupeta pro bebê não chorar
(Vicente Paiva e Jararaca)
Hei, mãe, eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo, isso foi tudo o que eu queria ter
Mas, hei, mãe, alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
(Humberto Gessinger)
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa, mas eu não faço nada
a luz do sol me incomoda então deixo a cortina fechada
é que a televisão me deixou burro muito burro demais
agora vivo dentro desta jaula junto dos animais
(Titãs)
Semana passada, esquartejei meu pai,
Botei sua cabeça na sala de jantar,
Amigos me perguntam: por que você fez isso?
Eu digo que sou frio, muito estranho e insensível.
Depois peguei aquela que um dia me pariu,
Ela gritou "meu filho", eu respondi "mamãe".
Que século vazio, ciência é coisa vã,
O certo é o que eu te digo:
Eu estuprei minha mãe
(Rogério Skylab)
Onde você tava, mamãe?
Tava na zorra
Meu colinho, mamãe
Eu tô na zorra
Joelhinho, mamãe
Eu tô na zorra
Umbiguinho, mamãe
Eu tô na zorra
No peitinho, mamãe
Eu tô na zorra
Na palminha, mamãe
Eu tô na zorra
(Leo Cavalcanti e Tenisson Del Rey)
Ai! Minha mãe, minha mãe
Ai! Minha mãe, minha mãe
Ai! Minha mãe, minha mãe
É a mulher do meu pai (repita até cansar)
(Falcão)
24 de agosto de 2005
22 de agosto de 2005
Brecht
LISTA DE PREFERÊNCIAS
Alegrias, as desmedidas.
Dores, as näo curtidas.
Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexequíveis.
Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.
Orgasmos, os múltiplos.
Ódios, os mútuos.
Domicílios, os passageiros.
Adeuses, os bem ligeiros.
Artes, as näo rentáveis.
Professores, os enterráveis.
Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.
Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.
Cores, o rubro.
Meses, outubro.
Elementos, os fogos.
Divindades, o logos.
Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.
BERTOLT BRECHT
(Tradução de Paulo César de Souza)
Alegrias, as desmedidas.
Dores, as näo curtidas.
Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexequíveis.
Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.
Orgasmos, os múltiplos.
Ódios, os mútuos.
Domicílios, os passageiros.
Adeuses, os bem ligeiros.
Artes, as näo rentáveis.
Professores, os enterráveis.
Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.
Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.
Cores, o rubro.
Meses, outubro.
Elementos, os fogos.
Divindades, o logos.
Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.
BERTOLT BRECHT
(Tradução de Paulo César de Souza)
18 de agosto de 2005
Ladrões
Belo Horizonte - O atraso do Brasil em relação a outros países deve-se, em grande parte, à roubalheira institucionalizada e à tolerância com pequenos delitos ou com a receptação de mercadoria roubada. Porque, salvo muitas exceções, somos uma pátria de larápios, de uma gente disposta a fazer qualquer coisa para "se dar bem". Da atriz do "teste do sofá" aos concursos manipulados, o filtro da desonestidade está presente em quase tudo. Do arrombador de residências ao estuprador de cofres públicos, a desonestidade travestida de "jeitinho" impera.
13 de agosto de 2005
Corruptos na cadeia
Divinópolis - Não dá pra entender a demora do Congresso em solicitar a prisão de parlamentares, assessores, funcionários, públicos, lobistas, publicitários e congêneres comprovadamente envolvidos no super-esquema de corrupção que assombra a nação. O que cabia ao governo já foi feito: ministros e líderes de partido já caíram. No entanto, como o grande sonho da oposição é levar Lula ao impeachment, buscam responsabilizá-lo exclusivamente sem que nada façam contra nomes diretamente envolvidos na roubalheira.
Uma coisa de cada vez, senhores.
Uma coisa de cada vez, senhores.
9 de agosto de 2005
Deu na Agência Efe
Guerra no Iraque derruba popularidade do presidente Bush
Washington - Pesquisa Gallup encomendada pela rede de televisão CNN e o jornal USA Today indicou que 51% dos norte-americanos estão insatisfeitos com a gestão do presidente George W. Bush e apenas 45% aprovam seu trabalho. No mês passado, o nível de aprovação do presidente dos EUA era de 44%, segundo outra enquete feita pela mesma empresa. Foram consultados 1.004 cidadãos americanos entre a sexta-feira e o domingo passados.
De acordo com a rede de televisão, a queda na popularidade de Bush parece estar diretamente vinculada com a guerra no Iraque, onde aumentou a violência e o número de baixas americanas.
A pesquisa assinalou que 56% dos entrevistados pensam que a situação piorou no Iraque, enquanto 43% acham que os problemas são menores.
Além disso, 57% assinalaram que a guerra no Iraque não fez dos Estados Unidos um país mais seguro diante da ameaça do terrorismo. Há dois meses, 39% diziam que o país era menos seguro. Por sua vez, 54% indicaram que foi um erro enviar tropas americanas ao Iraque.
A popularidade de Bush superou os 80% após os atentados de 11 de setembro de 2001, mas desde então sofreu uma baixa constante e em janeiro deste ano, quando assumiu o segundo período de quatro anos na Casa Branca, era de 57%, com 40% de desaprovação.
Washington - Pesquisa Gallup encomendada pela rede de televisão CNN e o jornal USA Today indicou que 51% dos norte-americanos estão insatisfeitos com a gestão do presidente George W. Bush e apenas 45% aprovam seu trabalho. No mês passado, o nível de aprovação do presidente dos EUA era de 44%, segundo outra enquete feita pela mesma empresa. Foram consultados 1.004 cidadãos americanos entre a sexta-feira e o domingo passados.
De acordo com a rede de televisão, a queda na popularidade de Bush parece estar diretamente vinculada com a guerra no Iraque, onde aumentou a violência e o número de baixas americanas.
A pesquisa assinalou que 56% dos entrevistados pensam que a situação piorou no Iraque, enquanto 43% acham que os problemas são menores.
Além disso, 57% assinalaram que a guerra no Iraque não fez dos Estados Unidos um país mais seguro diante da ameaça do terrorismo. Há dois meses, 39% diziam que o país era menos seguro. Por sua vez, 54% indicaram que foi um erro enviar tropas americanas ao Iraque.
A popularidade de Bush superou os 80% após os atentados de 11 de setembro de 2001, mas desde então sofreu uma baixa constante e em janeiro deste ano, quando assumiu o segundo período de quatro anos na Casa Branca, era de 57%, com 40% de desaprovação.
4 de agosto de 2005
Faro errado
Boa Vista - Com tantos empréstimos para tantas pessoas de diferentes partidos e estados, Marcos Valério, que desfila em Brasília com um segurança que também careca, deve ser o maior agiota do país.
O problema é que quase ninguém pagava, conforme vive declarando. É de estranhar não ter declarado falência.
O problema é que quase ninguém pagava, conforme vive declarando. É de estranhar não ter declarado falência.
29 de julho de 2005
Apenas dois milhões
Boa Vista - Acompanhei algumas entrevistas com políticos que fazem parte da CPI dos Correios e fiquei inquieto com algumas colocações dos parlamentares. Quando questionados a respeito do montante de dinheiro gasto nas suas campanhas, eles não tiveram nenhum constrangimento em afirmar que gastaram R$ 2, 3 ou 4 milhões.
Mesmo sabendo que eles gastam muito mais do que isso e que todos têm um caixa dois de campanha, a pergunta que fica é a seguinte: por que gastar tanto se na prática ele não teria como recompor o patrimônio durante os quatro ou oito anos de mandato?
Para exemplificar vamos pegar o salário de um senador que deve girar em torno de R$ 15 mil. Claro que ele recebe uma série de auxílios que, legalmente, não poderiam ir para o bolso dele. Pois bem, o senador tem oito anos de mandato o que corresponde a R$ 1,4 milhão no final desse período. Se ele gastou R$ 2 milhões fica com um prejuizo de 600 mil sem cálculos de correções ou coisas do tipo.
O pior disso tudo é que eles falam com a maior cara de inocentes: "gastei apenas dois milhões de reais e me orgulho de nunca ter precisado de um caixa dois". Ora, o cara que assume que gasta todo esse dinheiro numa campanha e também sabe que legal e moralmente ele não teria como recuperar, só pode estar pensando que somos todos idiotas. Mais difícil ainda é ouvi-los dizer apenas dois ou três milhões.
O Jô Soares tem perdido boas chances de desmascarar esses caras. Será por que não o faz?
Mesmo sabendo que eles gastam muito mais do que isso e que todos têm um caixa dois de campanha, a pergunta que fica é a seguinte: por que gastar tanto se na prática ele não teria como recompor o patrimônio durante os quatro ou oito anos de mandato?
Para exemplificar vamos pegar o salário de um senador que deve girar em torno de R$ 15 mil. Claro que ele recebe uma série de auxílios que, legalmente, não poderiam ir para o bolso dele. Pois bem, o senador tem oito anos de mandato o que corresponde a R$ 1,4 milhão no final desse período. Se ele gastou R$ 2 milhões fica com um prejuizo de 600 mil sem cálculos de correções ou coisas do tipo.
O pior disso tudo é que eles falam com a maior cara de inocentes: "gastei apenas dois milhões de reais e me orgulho de nunca ter precisado de um caixa dois". Ora, o cara que assume que gasta todo esse dinheiro numa campanha e também sabe que legal e moralmente ele não teria como recuperar, só pode estar pensando que somos todos idiotas. Mais difícil ainda é ouvi-los dizer apenas dois ou três milhões.
O Jô Soares tem perdido boas chances de desmascarar esses caras. Será por que não o faz?
28 de julho de 2005
27 de julho de 2005
Às armas!
Divinópolis - Primeiro, um trecho do editorial do Jornal Agora, de Divinópolis, edição de hoje:
Essa história de desarmamento da população não estaria
ligada à necessidade de fazê-la inócua no caso de tentar defender
o nacionalismo? Por que desarmar os civis, sabendo-se que o MST
faz treinamentos de guerrilha no Norte de Minas, armados até os
dentes? Quem pode garantir que Lula não conhece esse braço armado
do Movimento dos Sem-Terra?
Agora, o inconfundível jornalismo da revista Veja, em sua edição de hoje:
Partidos morrem naturalmente (...) o Partido Socialista
(da Itália) ruiu (...) será ótimo para a democracia brasileira
que o partido (PT) entre num irrefreável processo de extinção.
E viva a imprensa.
Essa história de desarmamento da população não estaria
ligada à necessidade de fazê-la inócua no caso de tentar defender
o nacionalismo? Por que desarmar os civis, sabendo-se que o MST
faz treinamentos de guerrilha no Norte de Minas, armados até os
dentes? Quem pode garantir que Lula não conhece esse braço armado
do Movimento dos Sem-Terra?
Agora, o inconfundível jornalismo da revista Veja, em sua edição de hoje:
Partidos morrem naturalmente (...) o Partido Socialista
(da Itália) ruiu (...) será ótimo para a democracia brasileira
que o partido (PT) entre num irrefreável processo de extinção.
E viva a imprensa.
26 de julho de 2005
Renilda
Divinópolis - As mulheres têm exercido papel decisivo nas CPIs. Denise Frossard (PPS-RJ), Luciana Genro (PSOL-RS) e Heloísa Helena (PSOL-AL) têm qualidades discursivas únicas. A X-9 Fernanda Karina Somaggio e a socialite (isso é profissão?) Maria Cristina Mendes Caldeira, ex de Valdemar Costa Neto (PL-RJ), são espirituosas. Já Renilda Fernandes de Souza, casada com o empresário Marcos Valério, é tranqüila e elegante. Fica surpresa a cada revelação sobre o próprio saldo bancário e sai à francesa de possíveis contradições. Os senadores Sibá Machado (PT-AC), Ney Suassuna (PMDB-PB) e Sérgio Guerra (PSDB-PE) renderam-se às qualidades de Renilda.
24 de julho de 2005
Ah, se eu pudesse
Divinópolis - Entrevista com o Roberto Menescal e o que ele toca a pedido da repórter? O Barquinho. De novo. A culpa não é do Menescal, que fez uma música genial. Os entrevistadores é que lhe desconhecem o repertório.
22 de julho de 2005
Ô tempo...
Boa Vista - Saudade do tempo que banco rural era aquele que atendia no interior de qualquer estado; do tempo que "ser um mala" era algo diferente de ser "um mula" e não despertava a suspeita da Polícia Federal; e que tesoureiro de partido esquerdista não recebia presente de empresas.
20 de julho de 2005
Briga de cachorro pequeno
Boa Vista - Depois do barulho feito com a venda da rádio Equatorial e da TV Imperial para o grupo do senador Romero Jucá, a briga passou a ser travada um pouco mais abaixo do patamar de discussões do senador.
Os jornalistas ligados a um site de notícias e o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Roraima estão se desentendo. O pessoal do site quer providências do Sindicato em relação a forma com que foi tomada a rádio. Já o presidente diz que tudo foi certo porque os caras que trabalhavam na rádio não são jornalistas (quase todos), não são sindicalizados e nem fazem jornalismo com ética.
Parece briga de cachorro pequeno, todos latem, mas ninguém morde. Enquanto isso os ataques e contra-ataques são colocados à vista. Querem conferir: acessem aqui e aqui.
Os jornalistas ligados a um site de notícias e o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Roraima estão se desentendo. O pessoal do site quer providências do Sindicato em relação a forma com que foi tomada a rádio. Já o presidente diz que tudo foi certo porque os caras que trabalhavam na rádio não são jornalistas (quase todos), não são sindicalizados e nem fazem jornalismo com ética.
Parece briga de cachorro pequeno, todos latem, mas ninguém morde. Enquanto isso os ataques e contra-ataques são colocados à vista. Querem conferir: acessem aqui e aqui.
16 de julho de 2005
Mensalão
Fortaleza/CE - Tudo pela governabilidade? Então deposita o nosso em conta também! Não vai ter ciberdissidente nenhum pra contar a história.
Sinistro
Belo Horizonte - Hoje, no trânsito, não era o Marcos Valério, na esquina da Gonçalves Dias com a Amazonas? O careca que vejo da janela do hotel não é o Marcos Valério? Meus filhos têm pesadelos com Marcos Valério? Será que a conexão discada que uso para publicar este post é esquema do Marcos Valério? Será que o Marcos Valério é o temido e desconhecido monstro editor de posts?
15 de julho de 2005
Era uma vez
Boa Vista - A Rádio Equatorial FM de Roraima vai mudar de dono. Segundo fontes fortes e confiáveis, o senador Romero Jucá comprou a parte que pertencia ao ex-deputado Moises Lipnik (que morreu há alguns meses). Na manhã dessa sexta-feira ele foi conferir a mercadoria e assumir a emissora.
Se formos levar em consideração o conteúdo do que era levado para o público, nenhuma saudade ou falta vamos sentir. O local era conhecido como a casa dos jabazeiros. Claro que a generalização é terrível.
Nos últimos tempos a prefeita Teresa Jucá e o próprio senador estavam travando uma luta contra a rádio na justiça. Alguns lances foram interessantes. Exemplo: a emissora foi proibida de veicular qualquer informação a respeito da prefeita.
O que todos esperam é que a partir de agora o tempo seja melhor utilizado e a que informação seja privilegiada. Vamos esperar para ouvir e crer.
Se formos levar em consideração o conteúdo do que era levado para o público, nenhuma saudade ou falta vamos sentir. O local era conhecido como a casa dos jabazeiros. Claro que a generalização é terrível.
Nos últimos tempos a prefeita Teresa Jucá e o próprio senador estavam travando uma luta contra a rádio na justiça. Alguns lances foram interessantes. Exemplo: a emissora foi proibida de veicular qualquer informação a respeito da prefeita.
O que todos esperam é que a partir de agora o tempo seja melhor utilizado e a que informação seja privilegiada. Vamos esperar para ouvir e crer.
14 de julho de 2005
Política
Belo Horizonte - O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) é conhecido por sua verborragia, seus aforismos e frases de efeito. É um grande orador, defensor de princípios éticos, um tanto conservador e excêntrico: tem uma foto de Fernando Henrique Cardoso no gabinete. Mas depois de ser citado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) como beneficiário da Skymaster em doação de campanha (recebeu 50 mil reais da empresa envolvida com fraudes nos Correios) alucinou em plenário. Disse, a respeito das investigações sobre corrupção no Executivo, que Lula é partícipe ou idiota. “Se não é corrupto, é um idiota”. Nem o aparte do zenador Eduardo Suplicy (acusado por Virgílio de ter mentido em sua prestação de contas de campanha) foi suficiente para acalmá-lo.
A indignação é compreensível, mas o discurso ofensivo que acabo de assistir na TV Senado, é despropositado. Não é porque os interesses do Estado precisam ser preservados acima dos governantes e os mandatários pro tempore estão abaixo da instituição social que vamos ofender à própria nação. Porque Luiz Inácio, quer gostem ou não, é o presidente da República e representa a estabilidade do País. Os norte-americanos protegem seus presidentes, os ingleses sua realeza, os alemães seus premiês e os cardeais seu papa. Ao agir como Roberto Jefferson (PTB-RJ), Virgílio brinca com a estabilidade do sistema. A crise política que vivemos exige atitudes mais técnicas e menos passionais. É um momento importante para reavaliar a estrutura de financiamento das campanhas e seu relacionamento com a corrupção nas estatais. Cabe aos nossos representantes evitar o narcisismo, identificar culpados, cassar mandatos de congressistas envolvidos e sugerir cadeia a quem merece. Qualquer pirotecnia além disso é política partidária.
Enquanto isso, na CPMI dos Correios - que o Vandré não acha que vai acabar em pizza, mas farofa -, o senador Sibá Machado (PT-AC) era ofendido pelo truculento Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Os dois quase chegaram às vias de fatos numa sessão tumultuada, que acabou ainda há pouco para desgosto dos telespectadores.
A indignação é compreensível, mas o discurso ofensivo que acabo de assistir na TV Senado, é despropositado. Não é porque os interesses do Estado precisam ser preservados acima dos governantes e os mandatários pro tempore estão abaixo da instituição social que vamos ofender à própria nação. Porque Luiz Inácio, quer gostem ou não, é o presidente da República e representa a estabilidade do País. Os norte-americanos protegem seus presidentes, os ingleses sua realeza, os alemães seus premiês e os cardeais seu papa. Ao agir como Roberto Jefferson (PTB-RJ), Virgílio brinca com a estabilidade do sistema. A crise política que vivemos exige atitudes mais técnicas e menos passionais. É um momento importante para reavaliar a estrutura de financiamento das campanhas e seu relacionamento com a corrupção nas estatais. Cabe aos nossos representantes evitar o narcisismo, identificar culpados, cassar mandatos de congressistas envolvidos e sugerir cadeia a quem merece. Qualquer pirotecnia além disso é política partidária.
Enquanto isso, na CPMI dos Correios - que o Vandré não acha que vai acabar em pizza, mas farofa -, o senador Sibá Machado (PT-AC) era ofendido pelo truculento Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Os dois quase chegaram às vias de fatos numa sessão tumultuada, que acabou ainda há pouco para desgosto dos telespectadores.
Cadeia só para pobre
Boa Vista - A elite paulistana (sem generalização) não gostou de ver uma de suas figuras mais atuantes ir para a cadeia por algumas horas. A Fiesp fez publicar nota contestando a forma de atuação da Polícia Federal e anunciando um ato por um estado democrático de direito.
É impressionante o poder de camaleão dessas pessoas. Um dos grandes problemas do Brasil é a sonegação de impostos. A Receita Federal só consegue fazer pagar quem deve pouco e quando há uma ação mais eficaz, uma grande federação, no caso a Fiesp, tenta botar panos quentes.
Já o presidente da Associação dos Juizes Federais do Brasil, Jorge Maurique, bateu pesado. Ele disse: "a posição da Fiesp é resquício do período em que convivíamos com uma distinção entre nobres e servos, estando os nobres acima da lei".
E por falar em acima da Lei uma pergunta: quando é que o governador Ottomar Pinto vai se acostumar com essa palavra tão estranha para ele?
É impressionante o poder de camaleão dessas pessoas. Um dos grandes problemas do Brasil é a sonegação de impostos. A Receita Federal só consegue fazer pagar quem deve pouco e quando há uma ação mais eficaz, uma grande federação, no caso a Fiesp, tenta botar panos quentes.
Já o presidente da Associação dos Juizes Federais do Brasil, Jorge Maurique, bateu pesado. Ele disse: "a posição da Fiesp é resquício do período em que convivíamos com uma distinção entre nobres e servos, estando os nobres acima da lei".
E por falar em acima da Lei uma pergunta: quando é que o governador Ottomar Pinto vai se acostumar com essa palavra tão estranha para ele?
Vida longa
Boa Vista - É o que se espera para o Ciberdissidência. Cabeças pensantes de primeiro time e muita criatividade. Abraços aos outros componentes dissidentes.
13 de julho de 2005
CPI
Manaus - A CPMI dos Correios não vai dar em pizza porque já virou farofa.
Cada deputado usa ao máximo os quinze minutos que tem para aparecer na tevê.
Alguns até se lembram de fazer alguma pergunta.
Mas o melhor mesmo é o Delcídio Amaral. Achava que o sujeito tinha cara de sono, ontem fiquei sabendo que ele é dorminhoco mesmo.
Senadores e deputados esperando para a aparição matinal na TV Senado, marcada para às 8 horas da manhã, e o ilustre presidente da CPMI só aparece às dez da manhã.
Cada deputado usa ao máximo os quinze minutos que tem para aparecer na tevê.
Alguns até se lembram de fazer alguma pergunta.
Mas o melhor mesmo é o Delcídio Amaral. Achava que o sujeito tinha cara de sono, ontem fiquei sabendo que ele é dorminhoco mesmo.
Senadores e deputados esperando para a aparição matinal na TV Senado, marcada para às 8 horas da manhã, e o ilustre presidente da CPMI só aparece às dez da manhã.
11 de julho de 2005
O quê
Divinópolis - Projeto coletivo desenvolvido por grupo de amigos distantes geograficamente, mas reunidos na grande sala do ciberespaço, para discutir democracia, comunicação e política no século 21. Não queremos apenas jogar sal na ferida. Temos direito a pimenta.
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