Boa Vista - Acompanhei algumas entrevistas com políticos que fazem parte da CPI dos Correios e fiquei inquieto com algumas colocações dos parlamentares. Quando questionados a respeito do montante de dinheiro gasto nas suas campanhas, eles não tiveram nenhum constrangimento em afirmar que gastaram R$ 2, 3 ou 4 milhões.
Mesmo sabendo que eles gastam muito mais do que isso e que todos têm um caixa dois de campanha, a pergunta que fica é a seguinte: por que gastar tanto se na prática ele não teria como recompor o patrimônio durante os quatro ou oito anos de mandato?
Para exemplificar vamos pegar o salário de um senador que deve girar em torno de R$ 15 mil. Claro que ele recebe uma série de auxílios que, legalmente, não poderiam ir para o bolso dele. Pois bem, o senador tem oito anos de mandato o que corresponde a R$ 1,4 milhão no final desse período. Se ele gastou R$ 2 milhões fica com um prejuizo de 600 mil sem cálculos de correções ou coisas do tipo.
O pior disso tudo é que eles falam com a maior cara de inocentes: "gastei apenas dois milhões de reais e me orgulho de nunca ter precisado de um caixa dois". Ora, o cara que assume que gasta todo esse dinheiro numa campanha e também sabe que legal e moralmente ele não teria como recuperar, só pode estar pensando que somos todos idiotas. Mais difícil ainda é ouvi-los dizer apenas dois ou três milhões.
O Jô Soares tem perdido boas chances de desmascarar esses caras. Será por que não o faz?