14 de julho de 2005

Política

Belo Horizonte - O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) é conhecido por sua verborragia, seus aforismos e frases de efeito. É um grande orador, defensor de princípios éticos, um tanto conservador e excêntrico: tem uma foto de Fernando Henrique Cardoso no gabinete. Mas depois de ser citado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) como beneficiário da Skymaster em doação de campanha (recebeu 50 mil reais da empresa envolvida com fraudes nos Correios) alucinou em plenário. Disse, a respeito das investigações sobre corrupção no Executivo, que Lula é partícipe ou idiota. “Se não é corrupto, é um idiota”. Nem o aparte do zenador Eduardo Suplicy (acusado por Virgílio de ter mentido em sua prestação de contas de campanha) foi suficiente para acalmá-lo.

A indignação é compreensível, mas o discurso ofensivo que acabo de assistir na TV Senado, é despropositado. Não é porque os interesses do Estado precisam ser preservados acima dos governantes e os mandatários pro tempore estão abaixo da instituição social que vamos ofender à própria nação. Porque Luiz Inácio, quer gostem ou não, é o presidente da República e representa a estabilidade do País. Os norte-americanos protegem seus presidentes, os ingleses sua realeza, os alemães seus premiês e os cardeais seu papa. Ao agir como Roberto Jefferson (PTB-RJ), Virgílio brinca com a estabilidade do sistema. A crise política que vivemos exige atitudes mais técnicas e menos passionais. É um momento importante para reavaliar a estrutura de financiamento das campanhas e seu relacionamento com a corrupção nas estatais. Cabe aos nossos representantes evitar o narcisismo, identificar culpados, cassar mandatos de congressistas envolvidos e sugerir cadeia a quem merece. Qualquer pirotecnia além disso é política partidária.

Enquanto isso, na CPMI dos Correios - que o Vandré não acha que vai acabar em pizza, mas farofa -, o senador Sibá Machado (PT-AC) era ofendido pelo truculento Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Os dois quase chegaram às vias de fatos numa sessão tumultuada, que acabou ainda há pouco para desgosto dos telespectadores.