1 de novembro de 2005

Cultura

Boa Vista - Nos últimos meses a população brasileira vem acompanhando uma enxurrada de denúncias de naipes diferentes que deixa qualquer cidadão de cabelos ouriçados. Os jornais, telejornais, programas de rádio e revistas mostram que no Brasil se criou a cultura de levar vantagem e a maioria dos políticos adotou essa conduta como praxe.

O interessante é que os políticos, claro que com algumas exceções, parecem não estar nem um pouco preocupados com o que possa acontecer. A impressão que fica é que eles estão imunes a qualquer ataque, seja da Justiça, seja do eleitor na hora do voto. Essa introdução é para falar a respeito da relação dos aprovados para receber o Bolsa Escola. O projeto, teoricamente, deveria ser usado para ajudar estudantes carentes e que têm dificuldades para pagar as mensalidades dos cursos que estão fazendo. Era preciso comprovar que o beneficiado carente preenchia todos os requisitos amparados pela lei aprovada na Assembléia Legislativa.

O fato é que depois de aprovado e sancionado o projeto passou a ser usado politicamente. O primeiro erro foi colocar a Secretaria de Trabalho e Bem Estar Social à frente do “negócio”. A Lei é clara e define que a Secretaria de Educação é a responsável pelo desenvolvimento do projeto. O segundo erro foi a forma de se cadastrar e selecionar as pessoas carentes com direito ao benefício. Conheço pelo menos cinco pessoas que se quer foram visitadas para saber das reais condições financeiras e que tiveram seus nomes rejeitados. Conheço, também, outras que constam na lista e que não precisam de tal benefício. Acontece que resolveram usar o projeto como instrumento de barganha política. Seria mais ou menos assim: você ganha x bolsas e em troca você me ajuda mais na frente.

O Ministério Público Estadual já está investigando o caso e em breve novos fatos virão à tona. Não será surpresa se alguns nomes conhecidos do metier político estiverem envolvidos. Com mais essa denúncia, fica claro que “ninguém” teme a Justiça, que “ninguém” está preocupado com o ético, com o moral, com transparência e com honestidade. Fica claro que o que vale é ganhar, nem que para isso prejudique outros mais necessitados. Mas o pior é saber que nada vai acontecer, que a cultura do “toma lá, dá cá” impera. Mesmo assim vamos continuar escrevendo, falando e cobrando ações das autoridades responsáveis pela Justiça e daqueles que elegem esses crápulas para o Poder. Está na hora de exigir um basta nessa bandalheira toda.