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20 de fevereiro de 2010

O cinema de Karim Aïnouz

Belo Horizonte - Na época em que me preparava para defender o projeto de final de curso, um documentário, fruto de 18 meses de trabalho árduo, leituras incessantes e descobertas saborosas. Em uma de minhas conversas com a orientadora, construímos o que seria a última questão que me tiraria o sono durante o restante da graduação: na atual sociedade, somos tomados por uma enxurrada de imagens, talvez não fosse a hora de olhar para todos esses signos com menos preconceito? E mais, não seria a hora de começarmos a pensar em como inserir mais imagens – com qualidade – nesse universo? Isso deu muito pano para manga e anotações para o dr. maluco.
alguns anos se passaram... e num é que trabalhando na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes 2010, não me deparei mais uma vez com a velha questão? E o que me consola, é que dessa vez o assunto pairou no discurso do homenageado do festival, o cineasta Karim Aïnouz - o cara é cearense e rodou Madame Satã, O Céu de Suely, Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo, entre tantos outros. Confira (a qualidade do vídeo não das melhores... mas o áudio está bom):




o fato da mostra ter escolhido Aïnouz como homenageado também é assunto cheio, mas isso fica para a próxima.

6 de fevereiro de 2008

Belo Horizonte - acabei de assistir a "Deus e o Diabo na Terra do Sol", do Glauber Rocha, e a "Rio 40 Graus", que tem direção de Roberto Santos e produção de Nelson Pereira dos Santos. há tempos ensaio uma de cinema novo, neo-realismo italiano e novelle vague. pra piorar as coisas, no fim do ano passado, caiu sob meus dedos tortos uma matéria sobre o cinema feito da década de 60. de lá pra cá então, venho na batalha a procura dos caras que fizeram essa escola. um deles é o Geraldo Veloso, o cara é presidente do Centro de Estudos Cinematográficos de Belo Horizonte, CEC. a íntegra do material ainda não posso publicar aqui, mas aí vai um trecho do meu bate-papo com ele.

"...o cinema esteve na minha vida desde o princípio daquilo que considero uma ‘consciência das coisas’. Eu não ‘resolvi’ fazer cinema. Este fato foi chegando naturalmente em mim, não como uma opção. Meus pais sempre me levaram ao cinema. Meus irmãos sempre estiveram ligados ao cinema como um processo mais empenhado do que o de simples espectadores. Uma irmã, a mais velha, recortava todas as críticas do Cyro Siqueira, publicadas no Estado de Minas, o outro irmão escrevia, em uma revista artesanal familiar, textos sobre o neo-realismo italiano, Roberto Rossellini, etc., e a outra irmã era ‘fã’ e colecionava fotos de estrelas de Hollywood, da Vera Cruz, da Atlântida. Muito cedo fiquei ligado às convocações para a programação do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (fundado em 1951, quando tinha sete anos de idade) que saia nos jornais. Quando me transferi para o Colégio Estadual Central (no primeiro ano de sua existência, ali no Santo Antônio, em 1956) logo me incorporei a um grupo de colegas que lidavam com o processo político (que igualmente estava já moldado por uma formação familiar de esquerda, marxista, materialista, por parte do meu pai e dos tios maternos) e com a cultura. Todos iriam fazer ciências sociais, economia, filosofia, letras, etc. (na época não havia nenhum respeito para estas especialidades: todo mundo se preparava para ser médico, engenheiro civil ou advogado, afora isto todos eram "turistas", fazendo cursos que não tinham nenhuma possibilidade de presença no mercado de trabalho). Era, portanto, um grupo bastante ‘exótico’ no nosso tempo..."