14 de setembro de 2006

4 de setembro de 2006

Filhos da pátria que pariu

Boa Vista - Setembro chegou. Por todos os lados movimentações oficiais e oficialiescas para comemorar a Independência do Brasil. Qual independência? Também me pergunto.

Esse esboço de nação, borrado pelas malandragens políticas, pela picaretagem deslavada e pela roubalheira institucionalizada é cada vez mais dependente dos ricos do Norte.

O nosso presidente pseudopopular demonstra estar mais preocupado em atender as imposições do capital externo.

Enquanto isso, o país se transforma em tudo o que não queríamos: uma imitação barata da economia capitalista ultra-selvagem, onde o ser humano não tem lugar, onde o que importa é obedecer às leis do mercado.

Danem-se as necessidades básicas dos cidadãos. Segurança para quê? E para quê emprego, moradia, alimentação e educação de qualidade? Quem precisa de dignidade nessa nossa pátria amada, do salve-se quem puder?

Todos fomos transformados em filhos bastardos deserdados. Nascemos numa pátria-mãe espoliada e estuprada desde o berço. Desideologizaram a política porque assim é mais fácil vendar os olhos dos que querem ver.

Os que não enxergam devido à fome de comida e de saber, só querem sobreviver, mesmo que seja com as sobras da hipocrisia. Pouco se importam com política. Estamos todos num mesmo caldeirão onde o caldo entornou de vez. Somos todos filhos desta pátria que pariu.

25 de agosto de 2006

solidariedade a Plutão

Manaus - Estou solidário a este astro distante, discriminado pelo mundo cientista. Até compreendo que já tem gente querendo mudar o nome do astro, de Plutão para Plutinho, mas tamanho não é documento. Um homem anão não deixa de ser um homem.

Baixinhos também têm seu valor. Getúlio Vargas não era muito grande. Napoleão, pelo que eu saiba, também não tinha na estatura o seu ponto alto. E o que dizer de Rui Barbosa, que de grande mesmo só tinha a cabeça. Desta vez, entre os astrólogos e os astrônomos, eu fico com a turma do mapa astral. Mais democráticos, não vão mudar o Universo só porque Plutão é pequenino.

Viajar na órbita errada também não deveria ser motivo de discriminação. Alguns grandes gênios também não tinham lá sua órbita muito certa. Van Gogh cortou a orelha. Raul Seixas gostava de ser o Maluco na Sopa (ou seria Mosca Beleza?).

Divergir é saudável. Chato seria se todos andassem por aí na mesma órbita. Já pensou os congestionamentos. Cada um na sua e cada planeta em sua órbita.
Mas discriminado mesmo ficou o décimo. Deram até nome de vírus para ele, UB 313.

21 de agosto de 2006

Uma reforma particular da previdência

Manaus - Matéria da Kátia Brasil para a Folha de São Paulo mostra como vice-governador do Amazonas, Omar Aziz, conseguiu garantir para ele uma aposentadoria de R$ 20 mil mensais. E conseguiu manter a imprensa calada.

17 de agosto de 2006

Galeria


Cabo Júlio (PMDB-MG)


Cleuber Carneiro (PTB-MG)



Isaias Silvestre (PSB-MG)



João Magalhães (PMDB-MG)



José Militão (PTB-MG)


Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG)


Osmanio Pereira (PTB-MG)


Saraiva Felipe (PMDB-MG)

7 de agosto de 2006

Domingando em Maó

Manaus - Noite de domingo, muito calor e pouca grana para pagar o cinema. A última vez que fui, custou R$ 12, 00 cada entrada, mais pipoca e refrigerante e contando que minha mulher está comigo, qualquer filminho não sai por menos de trinta e cinco pilas (tem o estacionamento também).

Decisão de fim de orçamento, curtir um mormaço no Largo São Sebastião. Uma caminhadinha pra lá, outra pra cá, uma olhada na igreja e outra no Teatro Amazonas. Uma cerveja em lata, assalto de R$ 2,50, um tacacá, outro assalto, R$ 7,00, e um coral de graça. Só não entendo aquele bonde parado, fora do trilho. Mas é um bom lugar para sentar e tomar um sorvete.

Em todo caso, a Largo São Sebastião é um bom lugar para fechar o fim de semana. Rola um clima de cidade histórica, com prédios antigos e passeio no calçadão. Pena que a Maria Isabel roeu todas as coleiras dela, senão poderia passear com a gente.

25 de julho de 2006

BR 319

Manaus - Nesta quarta-feira (26 de julho), a série de audiências públicas sobre a BR-319 chega a Manaus. Não sei direito para que elas servem, mas vou dar uma passada por lá para ver o que está acontecendo.

Para quem não sabe, a 319 liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). Ela foi construída na década de 70 e destruída pelas chuvas e falta de cuidados nas décadas seguintes. Virou um grande atoleiro.

O governo federal, via ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, prometeu recuperá-la e acabou batendo de frente com outro ministério encabeçado por uma amazônida, o do Meio Ambiente (Marina Silva). Os dois ministérios tinham um acordo que dispensava estudos de impacto ambiental para recuperação de rodovias asfaltadas.

O Ministério dos Transportes usou este acordo para dispensar os estudos da 319. O MMA chiou, acabou com o acordo. Em meio ao contingenciamento de verbas do governo federal, as obras na 319 vão andando em ritmo de tartaruga.

Para evitar maiores danos, foi criada uma área de interdição ao longo da rodovia. E é justamente o que fazer nesta área de interdição o motivo das discussões nas audiências públicas.

Vale lembrar também que só o anuncio da estrada já serviu para o avanço de grileiros Amazonas adentro. Não que o problema estivesse muito longe dali, mas sabe como é... asfalto valoriza terras, sinal para os oportunistas avançarem pela floresta.

Os jornais de Manaus desta terça-feira noticiam a presença de grileiros em um assentamento rural em Novo Aripuanã, Sul do Estado. A cidade não é cortada pela 319, mas o acesso por terra à sede do município, é feito pela 360, que começa na estrada federal.

10 de julho de 2006

7 de junho de 2006

Junkies violentos

Belo Horizonte - Esse pessoal do MLST deve ter consumido Muito LSD. Direito de manifestação, sim. Quebradeira de patrimônio público, não. Quer quebrar o McDonald's, a Enron, a Halliburton, fique à vontade. Mas depredar o Congresso Nacional é atentar contra a a democracia. Destruir obras de arte e destruir tecnologia é barbárie. Que peguem muita cadeia.

31 de maio de 2006

Histórias de índio e notícias da fronteira

Boa Vista - Metade da vida em pais estrangeiro e um tantinho a mais em solo brasileiro.

Frio roraimense à noite...

O carro sai da oficina hoje.

Final de semana tem pós.

Prenderam 15 quilos de cocaína no final de semana na fronteira com a Venezuela. Desta vez foram pegos um colombiano e um cara da África do Sul.

Hoje tem show do Fagner.

Ando sem inspiração para fazer versos ou escrever prosa.

O pagamento saiu hoje. As contas já estão vorazes esperando por mim lá fora.

Quando chove, chove. Quando o sol abre, a pele arde.

Adília e Rodrigo, amantes amorosos e meus rivais no jogo Perfil 3, decidiram fazer mais do que amar-se e criaram um blog de poesias: Unir-versos.


O que te irrita mais: chegar aqui e ver a mesma postagem ou ler uma postagem meia-boca?

Alguém sabe como conseguir na net todo o texto da peça de Bertolt Brecht chamada "O declínio do egoísta Johann Fatzer"?

Na fronteira com a Venezuela abriram um posto que vende gasolina a um real por litro para brasileiros. Mesmo aumentando o preço em 900%, quando comparado com o valor cobrado aos venezuelanos, ainda é muitíssimo mais compensador que os R$ 2, 99 de Boa Vista. Pena que o posto fique a 220 quilômetros.

30 de maio de 2006

Atroz modernidade

Belo Horizonte - Chato mesmo é constatar que a Direita tem maior poder de adaptação que a Esquerda às mudanças sociais. Assim, cada nova concepção de mundo arraigada é absorvida pelo sistema, fazendo com que o conservador progressista de direita adquira maior valor na Bolsa Moral que o revolucionário utópico de Esquerda. Na lógica do consumo da atroz-modernidade, o futuro é uma câmara de gás, como diz Fred Zero Quatro.

27 de maio de 2006

Quem é quem?

Boa Vista - O advogado disse que aprendeu muita pilantragem na reunião da CPI. Depois desconversou. Enquanto isso, um bando de deputados sob suspeita, se revolta com a indireta, direcionada para eles. Mandaram prender o advogado do bandido e depois os bandidos mandaram soltá-lo. É assim que a população é enganada. Bandidos camuflados de políticos, advogados de marginais, camuflados de defensores dos direitos humanos e pobres mortais sendo presos como se fossem bandidos perigosos. Só mesmo o Brasil explica tudo isso.

Lei bandida
A Justiça brasileira é tão complicada que até mesmo os ministros dos Tribunais, desambargadores, juízes e advogados não conseguem entendê-la. Uns mandam prender, outros mandam soltar. Horas depois outros mandam prender e uns mandam soltar. O problema é que as brechas só funcionam para políticos e ricos. Para os pobres elas não existem. Mas quem é que faz as leis?

18 de maio de 2006

País em guerra

Manaus - Enquanto o tempo fecha em São Paulo, governado por um liberal que critica a burguesia, na Amazônia, a coisa não anda lá muito boa também. A diferença é que, enquanto no sul, o PCC é chamado de organização criminosa, aqui os agentes da violência são tratados por fazendeiros. Para acompanhar os acontecimentos em Santarém, veja o blog: amazoniavivasantarem

17 de maio de 2006

Toque de recolher (o caixa)

Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua foi um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo para casa. Parecia o dia em que Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo.

Alexandre Herchovitch, estilista, sobre a guerra urbana em São Paulo.

30 de abril de 2006

+ Polititica

Belo Horizonte - Anthony Garotinho entrou em greve de fome para criar na imprensa um fato mais inusitado que as doações suspeitas à sua pré-campanha à presidência da República.

28 de março de 2006

Polititica

A casa do ministro da Fazenda caiu. A do caseiro, também. O caseiro foi às compras. Lu Alckmin, também, na Daslu. Enquanto isso, a Rede Globo emociona a nação com sua corrente do bem para salvar um menino do tráfico.

20 de março de 2006

Demônios

Belo Horizonte - Cidadãos de classe média consideram-se eminências pardas do conjunto social. É como se sua opinião fosse mais importante, suas necessidades mais prementes, suas aspirações mais elegantes. Nesse conjunto de mímicas, destaca-se à crítica ao sistema, ao Hip-Hop e à TV Globo. É muito fácil demonizar a Globo. É muito fácil demonizar o Hip-Hop. É muito fácil criticar o sistema, culpar o poder público pela degradação social das grandes cidades.

A classe média brasileira é caolha. Não enxerga os meninos nos sinais. Não apresenta idéias a seus representantes no Congresso. Não acredita que o grupo de homens sentados na calçada no pedaço de periferia que precisou entrar para facilitar o tráfego são apenas desempregados, não bandidos. Enquanto a média chafurda na reclamação pouco reflexiva sobre o papel do estado, os impostos e os juros - geralmente uma reprodução do discurso burguês -, a classe alta aplaca sua consicência com doações esporádicas a instituições de caridade que nunca visitam, com a adoção de crianças que nunca viram.

Por tudo isso é que Falcão: Meninos do Tráfico, dói de forma única em nossa alma pequena. Ao retratar o cotidiano de crianças em situação de risco social, assistindo assassinatos, roubando para alimentar-se, drogar-se e sobreviver mais um dia (quantos mais?), a TV Globo e a Central Única das Favelas nos espancam com imagens e depoimentos dolorosos. Nunca fomos tão insultados em nosso comodismo social. Fazer o quê, agora?

10 de março de 2006

Os cornos somos nós

Andei pensando sobre a história do deputado estadual do Amazonas que partiu para cima do namorado da ex-mulher.
Fiquei embalado pela entrevista que ela deu em A Crítica, em que confessa ser um gafanhotão do ex-marido. Ela diz para todo mundo ler que recebia sem trabalhar do gabinete do deputado.
É nosso dinheiro servindo de mimo para a conquista de Don Juans valentões.
A ex-mulher não traiu o deputado. Ex é ex. O grande traidor é quem usa nosso dinheiro para pagar gente que não trabalha.
Acho que podemos até abrir uma enquente, quem merece levar a facada na bunda?

9 de março de 2006

Chifres e facadas

O deputado estadual Francisco Balieiro tentou armar para cima da ex-mulher e acabou exposto em rede nacional, com direito a comentário irônico da Ana Paula Padrão ("Isto AINDA acontece").
Foi preso e pode responder processo por lesão corporal grave, deu uma facada na bunda do namorado da moça, um policial federal.
Acompanhado por um segurança, ele invadiu a casa da ex-mulher bem cedinho e encontrou o namorado dela dormindo. Ela já tinha saído para trabalhar.
O deputado diz que o tal namorado se jogou contra a parede e se machucou no vidro.
O policial diz que o deputado tentou matá-lo.
Isto tudo, no Dia Internacional da Mulher.

25 de janeiro de 2006

Mídia Média

O Fórum Social Mundial é uma reunião de movimentos sociais, organizações humanitárias, estudantes, artistas e ambientalistas, com reuniões temáticas, propostas e outras formas de intervenção social com vistas a um mundo melhor. Já estive no FSM e vi trabalhos dignos serem desenvolvidos, embora a imprensa liberal estanque no lugar-comum de mostrar as tribos presentes e seus protestos contra o capitalismo.

A má-fé na cobertura do evento pela Folha de São Paulo é indisfarçável: na edição de hoje, o jornal preocupa-se apenas com os gastos com o evento, esquecendo dos assuntos discutidos por ali. O importante é criticar os "esquerdinhas", a "idolatria" a Hugo Chávez e a presença de José Dirceu no evento. Nada sobre os temas fundamentais para a humanidade que estão em pauta.

Na página seguinte, o jornal mostra sua verdadeira face com matéria sobre o Fórum Econômico em Davos: "Corrupção incomoda 79 por cento dos empresários". A combinação infeliz entre a cobertura do FSM e o "manifesto cidadão" dos maiores financiadores da corrupção mundial subsiste, nas páginas do jornal, como um manifesto liberal típico dos que querem manter as coisas exatamente como estão.

18 de janeiro de 2006

Se não é fácil salvar meia ilha, como conduzir um projeto de nação?

Belo Horizonte - O Haiti é nosso Iraque. Como ser nação amiga, capacetes azuis pró-paz sem a prometida ajuda financeira da ONU? Estamos virando força invasora. Se não há dinheiro para investimento social e pelotões armados circulam entre pessoas já suficientemente acuadas pela pobreza e corrupção, é hora de voltar pra casa.

5 de janeiro de 2006

Quem diria...

Divinópolis/MG - Meninada,
aconteceu no dia 28 de dezembro, um caso totalmente inusitado. É que uma uma "gangue de chiuauas" enfurecidos atacou um policial, que acompanhava um jovem até sua casa depois de uma batida de trânsito.

A gangue é constituída por cinco cachorrinhos que pertenciam ao jovem que o policial acompanhava. Os ferozes animais, ao verem seu dono com o policial, entenderam que ele estava sendo atacado e então, em uma atitude corajosa, partiram para cima do policial.

Após o ataque, o policial foi levado ao hospital público, com ferimentos por toda a região do tornozelo.

É por isso que sempre digo que a “união faz a força”.

29 de dezembro de 2005

Um adeus, doloroso e inesperado!

Edgar Borges Ferreira


“ - Taffarel!
- Já vou indo, vô!”
Era assim que chamava pelo meu neto Sandro Borges toda vez que necessitava de sua presença para que me ajudasse em alguma ocupação.
Meu neto se foi dolorosa e inesperadamente, no desabrochar da vida, com apenas 16 anos de idade. Foi ceifado pela fatalidade, através de uma já célebre chamada “bala perdida”.
Não sei até agora o nome do policial que disparou sua arma para ferir de morte meu neto quando ele se divertia com seus amiguinhos, que o chamavam de “Ômega Bad”, em um estabelecimento conceituado e conhecido da cidade.
Por intermédio da imprensa tenho conhecimento de que as autoridades farão a devida justiça e que o culpado ou os culpados serão severamente julgados e punidos.
Punido o culpado já está, mas pela Justiça Divina. Sim, acredito que o policial criminoso, cujo crime é qualificado de culposo, certamente vem sentindo remorso pelo ato que cometeu, tormento que o acompanhará por toda a vida!
Meu conforto, meu alívio, é saber que Sandro Borges obedeceu ao chamamento de Deus e se encontra no céu rogando por nós aqui na terra.
Agora é ele que chama por mim: “Vôôô, vem aqui”. E eu respondo: “Dá um tempo, filho. Em breve estarei aí, para te abraçar e matar as saudades.”

Delegado aposentado de polícia, avô de Sandro Borges, morto em 28 de novembro durante uma ação da Força Tática da PM.

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Os efeitos de uma bala perdida

Gracineide Borges


Policial da Força Tática,
No último dia 28 completou um mês que a bala disparada por você matou o jovem Sandro Borges, chamado pelos amigos de Ômega.
Você já imaginou o sofrimento dos pais e familiares de Sandro? As noites mal dormidas que passamos nestes dias? As lágrimas de sofrimento derramadas por seus avós durante este mês?
Naquela noite fatídica, Sandro abraçou e beijou seu vozinho, era assim como carinhosamente chamava seu avô, prometendo que logo voltaria, pois no outro dia iram juntos comprar um sonhado computador. Mas ele não voltou. Sabe por quê? Porque sua bala não deixou!
O computador chegou, mas Sandro não o usou. O aniversário de 17 anos passou no dia 18 de dezembro, mas ele não festejou. Você sabe por quê? Porque sua bala o matou.
Eu sei que a culpa não é só sua. O Estado também é culpado, pois gastou uma bolada de dinheiro, aliás, nosso dinheiro, para preparar policiais. E o que temos? Um grupo de homens deslumbrados por estar usando um uniforme e carregando uma arma na cintura.
São policiais que batem até matar – caso Robson Magalhães – e atiram sem piedade – caso Jailson Figueiredo da Costa – deixando paraplégicos no meio do caminho – caso Ronaldo Melo Carvalho. Quantos outros casos não foram noticiados pela mídia sobre essa polícia que ao invés de proteger e servir, atemoriza, acossa, bate e mata?
Você sabe o que nos dá força para suportar a ausência de Sandro Borges? Saber que nós não veremos mais, mas ele será lembrado como um menino alegre, brincalhão e amigo, um menino que plantou a semente do bem.
Quanto a você, será sempre visto e lembrado como o policial que matou o Ômega, como um exemplo da polícia despreparada que temos em Roraima.

Tia de Sandro Borges, morto por uma bala perdida disparada por um policial na madrugada do dia 28 de novembro de 2005.

27 de dezembro de 2005

Cenas de Natal

Boa Vista - Para o dia 25, o governo estadual prometeu fazer a distribuição de brinquedos para as crianças de famílias carentes. Anunciou isso nas TVs, rádios, jornais e em carros nas ruas.Os portões do estádio Flamarion Vasconcelos seriam fechados às 8h30, mas desde as 5h30 haveria ônibus rodando pela cidade, catando aqueles que encarassem a fila.

Às 4h30, retornando de uma madrugada de conversa, vinho, água e churrasco na fazenda urbana de Nei Costa, Zanny e eu vimos que já havia fila para receber os mimos do governo.
O governador Ottomar Pinto, que tem o costume de distribuir pintos, biquínis, peixe, iogurte, material de construção e terrenos, chegou às dez horas para fazer a distribuição.

Ao meio-dia, sob o sol forte de um dia de Roraima (só quem esteve aqui, sabe o que isso significa em termos de temperatura e ardência na pele), centenas de pessoas esperavam em frente ao estádio a chance de pegar um ônibus que as levassem de volta aos seus bairros. Aproveitavam a sombra de pequenas árvores para refugiar-se. Sob suas cabeças, as redes serviam de chapéus.

Quando chegava um ônibus, lá estavam crianças e adultos, carregando brinquedos e redes de dormir, empurrando-se para garantir um lugar e o retorno às suas casas.Na minha cabeça, algo semelhante às cenas de retirantes e vítimas de guerras.

Às 16h, ainda havia pessoas esperando que os ônibus e vans alugadas pelo populista governo roraimense os levassem de volta aos seus bairros.Mas é claro que também estavam lá famílias de renda maior que a maioria, com seus carros e roupas mais caras, apenas pela mesquinhez de receber algo supostamente dado de graça.

26 de dezembro de 2005

Da imobilidade

São Paulo - Chegar em São Paulo em dia de rodízio no trânsito e encarar obras do metrô em pontos estratégicos da cidade podem tirar-lhe o humor. Mas se o rodízio foi suspenso e as placas alaranjadas foram bem afixadas, tudo bem. Avenida Paulista. Como pode ser tão bela e maçante?

13 de dezembro de 2005

Outra visão

Boa Vista - Em Roraima acontecem coisas que só mesmo as cabeças mais pensantes explicam. Inversões de valores, quebras de regras (nem todas importantes ou fundamentais) e a prática de uma forma de lavagem na mente das pessoas que, muitas vezes, as deixam sem condições psicológicas para analisar com insenção determinados fatos.

Para exemplificar o que escrevo vou dar dois exemplos de acontecimentos ocorridos e bem divulgados pela mídia local. O primeiro aconteceu há alguns meses, quando agentes da Polícia Civil resolveram acabar com uma rinha de galos numa fazenda nas proximidades de Boa Vista e prender aqueles que cometiam o crime. Os policiais chegaram, deram o flagrante e quase foram colocados dentro da rinha para serem linxados pelos participantes da brincadeira de mau gosto, onde quem sofre são os animais. Os agentes foram ameaçados e tiveram que tomar atitude dura para conter a revolta dos "membros da sociedade roraimense".

Para surpresa geral, no dia seguinte alguns veículos de comunicação colocaram os criminosos como vítimas e os policiais como agressores. A desculpa foi uma só: todos os que participavam da rinha pertenciam a famílias tradicionais e tinham total direito de fazer o que bem entendem, sem se preocupar com a lei que deve servir para todos sem distinção. O segundo exemplo é o assunto da moda em Boa Vista. Meia dúzia de políticos e grandes latifúndios esperneiam, reclamam e protestam porque o Incra está fazendo o que deveria ter sido feito há muito tempo. Pessoas que não tiveram condições de manter seus lotes (por culpa do próprio Incra) e outros que agiram de má fé, resolveram vender suas terras sem respaldo legal, porque fazia parte de um programa de reforma agrária voltado para famílias comprovadamente carentes. Resultado: a justiça tarda mais não falha. Aqueles que compraram os lotes estão sofrendo ações na Justiça pelo simples fato de terem agido de forma contrária a Lei.

Mais uma vez a mídia local sai em defesa de poucas pessoas em detrimento das milhares que continuam penando para manter suas famílias, sem apoio político e de políticos. Sem apoio do Incra, do governo, seja qual for, e da imprensa. Não é comum os jornais ou telejornais mostrarem matérias dizendo que há atrasos no pagamento de benefícios para aqueles que resolveram enfrentar o mato, os insetos e as doenças que são naturais dessas regiões. Enfim, é duro ver e engolir a elite soberana manipular fatos, criticar o certo e transformar o erro em acerto. Mas mudança pode estar bem perto de nós. Esse é um exemplo.

8 de dezembro de 2005

25 anos depois

Boa Vista - Tudo estava pronto para uma viagem a Minas Gerais, dois anos depois da última. O dia era 8 de dezembro. A passagem de ônibus estava marcada para o dia seguinte. Fui para a casa da minha irmã naquela noite para gravar algumas fitas cassetes com músicas de Pink Floyd, Led Zeppelin, Neil Young, Deep Purple, Janis Joplin, Jimi Hendrix e, claro, Beatles, Jonh Lennon e George Harrison.

No início da noite fumei um e em seguida me deparei com aquele gradiente possante. Fiz a seleção, peguei umas fitas virgens e me preparei para escolher a trilha sonora da viagem. Estava empolgado com o cabeça de nego que conseguira. Já estava viajando. O som rolava no aparelho, enquanto a mana, o cunhado e a sobrinha dormiam. Não me lembro o nome do bairro. Acho que era jardim Campina. Era uma casa espaçosa, quintal grande com algumas plantas. Nada de anormal para a zona extremo Sul de Sampa.

A empolgação batia. Depois de dois anos iria voltar à terra natal. As lembranças eram vagas, mas só a idéia de passar 12 horas viajando, ouvindo músicas, escrevendo e percebendo as paisagens era demais. Saí da sala, fumei outro e voltei. Liguei o som e pensei que deveria ter na trilha Paul Simon e Art Garfunkel. Escolhi as músicas, preparei a fita e iniciei a gravação. Pô, que chato, estou relatando o que aconteceu há 25 anos. Não importa. É a primeira vez que escrevo. Naquele tempo walkman era, diríamos, novidade. Pensei na saída de São Paulo, congestionamento, via Dutra e movimento. Darling, please don't never break my heart. Engraçado, é um trecho da música que toca na TV. Lennon regravou. É agora, momento atual, não importa mais. Para começar gravei Cecilia, em seguida The Boxer, Bridge Over Trouble Water, The Sound of Silence, America, Hey, Hey, my my, rock"in"roll...never die.

Olhei para o Revolver, emplaquei Tax Man. Queria ir de taxi até a rodoviária. Eleonor Rigby chama a atenção. Sons experimentais, viagens, emoção. Peguei Sargent Peppers e não sabia o quê escolher. Every body is got something to hide except for me and my monkey. Quanta coisa boa no Branco. God, oh meu Deus. Só tenho três fitas. Imagine se pudesse mais? Não havia fronteiras para meu gosto musical. Mutantes, O Terço, Walter Franco, enfim, muito mais. What is life, If not for you, My sweet lord, com uma pequena ajuda dos amigos, como? Machine Head, Whola lotta love, Starway to heaven, Eric Clapton e Jeff Beck, Prisma, Smoke on the water.

Nossa como gravar tudo em três fitas? O tempo passou e as fitas acabaram-se. Guardei os discos, liguei o rádio e para minha surpresa, She loves you. Logo depois Help, Yesterday, Don't let me down, The ballad of John and Yoko, Imagine, Starting Over, Beautifull boy, A day in the life, God. Olhei para o relógio acima da TV e pensei: será que vou acordar às 7 horas? Aumentei o volume do som e ouvi Yer Blues. Não acreditei. Mudei a sintonia e ouvi Woman. Lennon acabara de lançar Double Fantasy. Passei a madrugada ligado no rádio, ligado. Estranhei todas as emissoras tocar Beatles e Lennon ao mesmo tempo. Mais uma vez não importa, é bom! A música parou. Um locutor com voz fúnebre narrou: "era 22 e 48 em Nova York quando Mark David Chapman, em frente ao edifício Dakota, disparou cinco tiros no ex-beatle Jonh Lennon que morreu minutos depois no hospital Roosevelt. É com tristeza que anuncio. Lennon foi assassinado na noite passada em Nova York." O resto...pra quê?

29 de novembro de 2005

Imagine a PM matando seus parentes

Boa Vista - Imagine acordar às quatro da madrugada ouvindo gritos desesperados na casa ao lado. Imagine perguntar a um rapaz e duas moças com os rostos desfigurados pela dor o que houve e receber como resposta que houve uma desgraça e a Força Tática da Polícia Militar matou Sandro Borges, seu primo de apenas 16 anos.Imagine levar a sua afilhada, irmã de Sandro, até o 1° DP e depois até o Pronto Socorro dizendo-lhe apenas que o menino levou um tiro e está internado. Imagine seu choro ao ouvir a confirmação da morte pela bala da PM.
Imagine ligar para a mãe do rapaz pedindo para vir ao Pronto Socorro e somente lá, frente a frente, informá-la da morte do filho primogênito.Imagine a solidão de ser o primeiro da família a ver na "pedra", embrulhado em um saco plástico negro o corpo rígido de seu primo, notar os buracos causados pela bala no braço esquerdo e no tórax, perceber sua palidez, lembrar que o viu na barriga da mãe, das muitas vezes que o carregou no colo, de como falava muito e alto, de sua extroversão, da sua paixão pela informática.
Imagine ter de comunicar a morte aos tios, dividir a responsabilidade de falar com a polícia técnica e ouvir, uma hora e meia depois, o rapaz que o acordou de madrugada dizer que ainda não havia conseguido prestar queixa.
Imagine entrar na casa de seus avós maternos às sete horas da manhã para comunicar-lhes, malditas lágrimas incontidas, que a PM chegou para apartar uma briga sem o devido preparo e atirou para cima, acertando Sandro, que estava escorado no parapeito da pizzaria, bem longe da confusão.
Agora, tente ouvir os gritos desesperados da avó e visualizar o avô caindo no sofá, em estado de choque. Avance um pouco no tempo e tente entender o que dois supostos investigadores da Força Tática tanto insistem em querer conversar com o médico legista, ouvi-los dizer ao pai do rapaz que sabem de sua dor e lamentam o ocorrido.
Abra um parêntese para ouvir e ver o pai do menino lembrando de cada frase dita no seu último encontro, na sexta-feira 25, de como se tratavam, das gírias do filho, de seu tão próprio "valeu, men!", das noites jantando juntos, das confidências, de como quer justiça.
Feche o parêntese, espere seis horas pela liberação do corpo, providencie o velório, tente comer um pouco apenas para não cair de fraqueza, vá até o local da cerimônia e note como o menino era querido pelos colegas de escola e festa. Perceba a estupefação no rosto de dezenas de adolescentes, ouça seu choro, seus questionamentos sobre a ação da polícia, olhe no outro lado da rua, sentado na calçada, ainda desesperado, o rapaz que o levou até o Pronto Socorro e conta ter sido fechado três vezes pelo carro da PM, que não queria que levassem o corpo para ser atendido.
Abra novo parênteses e ouça, na segunda-feira 28, o comandante da PM dizer que há sempre várias versões em todo caso, todas sempre contraditórias, mas a "concreta" é a contada pelos seus subordinados. Tente distinguir aonde vai parar o inquérito da corporação e note as nuances de tendenciosidade.Enterre seu primo, console seus familiares, ouça as palavras dos amigos antes de fecharem a cova, a voz desesperada do pai. Volte para casa e converse com seu avô, escrivão e delegado de polícia na época do Território Federal de Roraima. Imagine o esforço que ele faz, prostrado na cama, para murmurar que na segunda seguinte iria com o menino checar preços de computadores para presenteá-lo. Acrescente a isso que aquele domingo fatídico era para ser um dia de festa e passeio familiar no sítio de amigos para comemorar o nascimento, no mesmo dia, de mais uma prima de Sandro.
Agora, resuma tudo isso no desconforto trazido pela realidade da morte, na estúpida esperança do retorno da normalidade, de que tudo foi um sonho, na lembrança recorrente de momentos passados juntos com o menino, quando ele falava bobagens ou quando parava ouvir histórias de adultos. Acrescente o medo de que algo assim atinja outros parentes e está o formado o quadro das famílias de Sandro, chamado em casa de Taffarel e na rua de Ômega.
Depois de todo este esforço, lembre que este é o terceiro ou quarto caso de morte envolvendo policiais civis e militares neste ano e pense para onde vai todo o dinheiro investido na capacitação destas pessoas.

25 de novembro de 2005

Até a desgraça tem seu lado bom...

Divinópolis/MG - Meninada,

se existe alguma Mãe neste momento lendo o Ciberdissidência, favor pronunciar... pois farei uma pergunta muito séria:

Alguma de vocês teria coragem de entregar a própria filha para a polícia?

Quem disse que não, mudaria de idéia ao saber que sua filha vendeu a câmera de vídeo da família e dentro dela, um vídeo caseiro pornô estrelado por você?

Pois é, isso aconteceu de verdade no Canadá.

Uma garota, que precisava de dinheiro, vendeu a câmera da família, sem saber que dentro dela, acompanhava uma produção de pornô caseiro de sua, até então, "inocente mamãe" e seu namorado.

A mãe só se deu conta que a câmera havia sumido, quando seu namorado lhe contou que o vídeo estava circulando pela cidade e revoltada com isso, chamou a polícia e acusou a filha de roubo.

Quando a polícia chegou, a garota admitiu que pegou o aparelho do quarto da mãe e o vendeu para um amigo por 100 libras (R$ 380, aproximadamente), mas ficou horrorizada com a mãe ao saber de suas fantasias sexuais.

Na verdade, acho que essa mãe deveria repensar no que fez a filha. Nem tudo foi ruim. Imagina só, se essa menina fosse brasileira?

Ela teria assistido ao filme, vendido a câmera, teria feito chantagem, cobraria resgate pela fita e depois que recebesse o dinheiro, ainda colocaria o filme na Internet.

Por isso que sempre digo: "Até a pior desgraça tem seu lado bom!"

23 de novembro de 2005

Ciberdissidência tá na moda

Belo Horizonte - Até o escritório das Nações Unidas na Suiça (Genebra? Será que foi o Clóvis Rossi??) já acessou o Ciberdissidência. Somos lidos no Canadá, na Suécia e na Ucrânia; nos Estados Unidos, em Portugal, no Uruguai e na Alemanha. Os contadores dispararam, mas já aumentamos o número de servidores para atender aos usuários. Já recebemos propostas da Microsoft e do Google, mas não estamos à venda. Abaixo, os últimos acessos ao melhor blog coletivo de todos os tempos da última semana, devidamente contabilizados pela Nedstat.

1. 22 November 11:36 United Nations Office, Switzerland
2. 22 November 11:36 Kiev Navigator, Ukraine
3. 22 November 13:34 Comcast Communications, United States
4. 22 November 16:48 CTBC, Brazil
5. 22 November 17:27 Embratel, Brazil
6. 22 November 18:29 Telemar, Brazil
7. 22 November 21:42 Virtua Net, Brazil
8. 22 November 21:46 Virtua Net, Brazil
9. 22 November 21:49 Optimum Online, United States
10. 22 November 21:56 Virtua Net, Brazil