27 de setembro de 2009

O ETANOL DE RORAIMA NÃO É BOM PARA O BRASIL

* Ciro Campos

A nova usina de etanol da Amazônia não é boa para Roraima nem para o Brasil, e pode comprometer a conquista do selo verde que o etanol brasileiro precisa. A nova usina não ajudaria o Brasil porque tem tudo que o mercado internacional não quer: é uma nova usina, fica na Amazônia, vai gerar desflorestamento e disseminar o impacto da cana em uma das maiores bacias hidrográficas da Amazônia.

É uma nova usina: a nova usina ainda não existe e nem obteve autorização para começar as obras, ao contrário do que foi informado aos ministros Minc e Stephanes em agosto do ano passado. Os canaviais para a produção da usina ainda não foram plantados, e os plantios que existem ainda se destinam apenas à produção de mudas.

É na Amazônia: se for aprovada, a nova usina e os canaviais seriam implantados na maior savana do bioma Amazônia, que fica no estado de Roraima, na região conhecida como Lavrado. Segundo os cientistas e também o IBGE, o Lavrado faz parte do bioma Amazônia, que inclui não só florestas, mas também savanas, campinas, bambuzais, várzeas, etc.

Vai gerar desflorestamento: desflorestamento não significa apenas a derrubada de florestas, mas também a retirada de qualquer vegetação natural, seja floresta ou campo, seja na Amazônia ou em qualquer outra parte do Brasil. Se a usina for aprovada, seus canaviais seriam plantados sobre a vegetação nativa do Lavrado, considerado pelo governo federal como área prioritária para conservação da biodiversidade.

Vai disseminar a cana em nova uma bacia hidrográfica: a nova usina seria implantada às margens do rio Tacutu, formador do rio Branco, principal afluente do rio Negro. A bacia do rio Negro é uma das maiores, mais ricas e mais conservadas da Amazônia. A nova usina, portanto, seria instalada nas cabeceiras da bacia do rio Negro, elevando em muitas vezes o volume de insumos tóxicos aplicados nesta parte da Amazônia, e na vizinhança de terras indígenas. A densa rede de rios localizada nos arredores na nova usina tem pouca água no período seco, que coincide com o período de aplicação dos bilhões de litros de vinhoto e agrotóxicos, potencializando o impacto de uma possível contaminação.

Com essas características, essa nova usina coloca em risco o esforço do governo federal, empenhado em garantir ao mercado internacional que o etanol brasileiro não ameaça a Amazônia, o Pantanal, e não compromete as águas, a biodiversidade e a qualidade de vida dos povos. O custo-benefício se revela inviável, pois ela aumentaria em apenas um por cento a área plantada com cana, mas colocaria em risco o valor de todo o etanol que o país produz. O necessário esforço para reduzir as emissões de carbono não pode resultar em novos problemas ambientais, e não deve justificar a expansão do etanol sobre as savanas amazônicas. As riquezas naturais dessa região, assim como o petróleo do pré-sal, são ativos estratégicos que pertencem ao povo brasileiro e que, portanto, precisam servir ao conjunto da nação, e não apenas a este ou aquele estado da federação.

Existem outros meios para o governo federal ajudar o povo de Roraima a viver com dignidade. Fortalecer a produção rural que já existe e investir em indústrias de beneficiamento aumenta a renda no interior, gera empregos nas cidades e fixa a família na sua terra, para que ela não seja vendida ou arrendada em favor da nova usina. Aproveitar o cenário favorável ao comércio internacional e a vocação natural para o turismo também pode gerar divisas. A copa de 2014 será uma boa oportunidade para firmar o estado como potência sócio-ambiental e abrir as portas para o turismo internacional. A produção de biodiesel a partir do inajá, palmeira nativa que é praga na região, pode ser interessante. O Lavrado de Roraima também é campeão amazônico em potencial de geração de energia a partir do sol e dos ventos, potencial que pode ser aproveitado. Além disso, ainda podemos receber a compensação ambiental pela água, o carbono e a biodiversidade, compensação que não é esmola, mas justo pagamento para quem protege os tesouros da nação.

As iniciativas do governo federal para desenvolver Roraima, como a Zona de Processamento de Exportação, a Área de Livre Comércio, a ligação Brasil-Guiana e a regularização das terras, devem ajudar na criação de um modelo de desenvolvimento realmente novo, com democracia econômica e fundiária, aonde a terra cumpra o seu papel de melhorar a vida do povo e esse povo cumpra o seu papel de contribuir para a grandeza do país. Não é cobrindo a paisagem natural de savanas amazônicas com cana e soja que o estado estará dando sua melhor contribuição ao país. O principal papel de Roraima para a grandeza e o futuro do país é proteger e usar com sabedoria as riquezas naturais que podem fazer do Brasil a potência do século vinte e um. Essa é a maior contribuição que, com muito orgulho, Roraima pode dar ao Brasil.

* Coletivo Ambiental do Lavrado
ciro.roraima@yahoo.com.br

23 de setembro de 2009

Honduras: A crise é boa, para expor nossos "democratas"

Manaus - Publicado no site Vi o mundo.



Existem pontos positivos na cobertura que a mídia brasileira faz dos acontecimentos em Honduras. O primeiro deles é revelar a completa ignorância de muitos sobre a América Latina. O segundo é de iluminar o caráter "democrático" de alguns jornalistas e políticos.
Tive o prazer de conhecer alguma coisa da América Central. Já estive no Panamá, na Costa Rica, em El Salvador e em Honduras.

Em Honduras fiz reportagens sobre a "guerra do futebol" e sobre a epidemia de AIDS. Fui a Tegucigalpa e a San Pedro Sula. Viajei pelo interior. Os militares sempre tiveram papel central na política hondurenha. Promoveram uma política de extermínio contra os "campesinos", quando estes aderiram aos movimentos populares que em países vizinhos resultaram em guerras civis (El Salvador e Nicarágua).

Como em outros países da região, os anos 70 e 80 em Honduras foram marcados por rápida urbanização e por uma explosão das demandas sociais. A imigração para os Estados Unidos funcionou como válvula de escape. Depois que os Estados Unidos, no governo Reagan, deram forte apoio às elites locais na suposta luta anticomunista -- na verdade, para esmagar movimentos populares --, Washington resolveu adotar uma política regional de pacificação econômica.

Os americanos promoveram uma área de livre comércio regional. As maquilas se disseminaram. São as "maquiladoras", ou maquiadoras, empresas que tiram proveito da área de livre comércio para montar produtos que recebem vantagem tarifária para ingressar no mercado dos Estados Unidos. Os capitais vieram da Ásia, especialmente de Taiwan e da Coréia do Sul. Qual é o papel dos centro-americanos nessa história? O de mão-de-obra barata. Qual é o papel das elites locais? Além de se associar ao capital estrangeiro para enriquecer, cabe a elas garantir que os trabalhadores não se sindicalizem e não obtenham conquistas sociais. As condições de trabalho nas maquiladoras são pré-revolução industrial.

A equação era essa: os homens imigravam para os Estados Unidos para fazer o papel de derrubar o salário dos trabalhadores americanos. As mulheres serviam às maquiladoras em condições sub-humanas.

Porém, com a crise econômica nos Estados Unidos, esse modelo ruiu. Muitos pais de família hondurenhos perderam o emprego nos Estados Unidos. A caça aos imigrantes promovida pelos republicanos também os afetou. Nas economias dependentes de remessa de dólares a crise se aprofundou. Manuel Zelaya abandonou antigos aliados em nome de romper com esse modelo, no qual Honduras entra apenas com o trabalho servil de seus homens e mulheres.

Portanto, não se trata apenas de dizer que Manuel Zelaya é o presidente constitucional de Honduras, eleito pela maioria dos eleitores e que o governo golpista é ilegítimo e ilegal. É importante expor claramente quem são os golpistas, a quem servem: àqueles que querem manter os hondurenhos numa servidão pré-Getúlio Vargas. Só assim para expor a elite brasileira da maneira como ela precisa ser exposta: como representação verde-amarela de interesses parecidos com aqueles representados pelos afrikâners, que inventaram um sistema sofisticado para fazer o mesmo que a elite hondurenha faz: manter parte da população -- no caso da África do Sul, os negros; no caso de Honduras, os "campesinos" -- na servidão.

O Brasil e a crise política em Honduras

Manaus - O Brasil vive um momento de respeitabilidade internacional sem precedentes e que tem contribuído para sedimentar novos consensos junto a organismos internacionais.

Diante da imprevisibilidade com que atuam os golpistas em Honduras, a gestão da crise dependerá fundamentalmente da perícia diplomática brasileira e do cuidado técnico em não contribuir para o aprofundamento da violência militar. O artigo é de Carol Proner.




A atual crise vivida por Honduras constitui um caso importante a ser estudado pelo direito internacional do nosso país. Primeiro porque se trata de um conflito que repercute mundialmente e que implica de modo amplo a América Latina e particular o Brasil. Também porque a análise requer a ponderação de diversos aspectos que incluem a legalidade do governo hondurenho e a aplicação de medidas e normas por uma autoridade que não é reconhecida internacionalmente como legítima e, ao mesmo tempo, um amplo espectro geopolítico que vem determinando as ações adotadas por outros países.

O Brasil atualmente está no centro da crise por haver recebido José Manuel Zelaya Rosales em sua Embaixada na condição de convidado por ser o presidente legítimo de Honduras. Zelaya não foi recebido na condição de asilado político, mas de Presidente legítimo. Essa condição de autoridade constitucional já havia sido confirmada por outros 192 países nas Nações Unidas que, por unanimidade, votaram uma resolução de repúdio ao Golpe de Estado exigindo a restauração imediata e incondicional do Presidente Zelaya. No âmbito interamericano a decisão unânime foi no sentido da suspensão de Honduras da Organização dos Estados Americanos com base na ruptura da ordem democrática e no fracasso de iniciativas diplomáticas (Carta Democrática Interamericana).

Outros Estados também adotaram medidas concretas como forma de pressionar o governo golpista a restabelecer a legitimidade. A Comissão Européia anunciou o congelamento de um fundo de ajuda orçamentária ao governo de Honduras e, após haver chamado para consultas todos os embaixadores de seus países-membros com representatividade no país, ratificou a suspensão das negociações de um acordo comercial com os países da América Central até que o presidente deposto retorne ao poder. França, Espanha e Itália tomaram medidas de repúdio ao golpe e o embaixador da Alemanha deixou o país.

A Espanha comunicou a expulsão do embaixador hondurenho em Madri depois de sua destituição pelo presidente Zelaya e destacando ser um ato de coerência com o compromisso da comunidade internacional de manter a interlocução oficial com o governo constitucional de Honduras.

O Departamento de Estado norte-americano, embora pressionado por setores ultraconservadores, anunciou a suspensão da concessão de vistos não emergenciais a cidadãos hondurenhos e planejam cortar mais US$ 25 milhões em assistência caso Zelaya não seja restituído à Presidência.

O caso de Honduras já seria interessante pelo ineditismo de canalizar o amplo repúdio da comunidade internacional a golpes militares e a interrupções bruscas e ditatoriais da normalidade democrática. Mas outros elementos o fazem especialmente chamativo, como o posicionamento do Departamento de Estado norte-americano até o momento e a expectativa pelos gestos futuros, a mudança de postura da OEA que também responde a uma renovação trazida pelo governo de Obama e a coordenação latino-americana em torno de causas comuns.

O Brasil vive um momento de respeitabilidade internacional sem precedentes e que tem contribuído para sedimentar novos consensos junto a organismos internacionais, mas diante da imprevisibilidade com que atuam os golpistas, a gestão da crise dependerá fundamentalmente da perícia diplomática brasileira e do cuidado técnico em não contribuir para o aprofundamento da violência militar. Não há razões para suspeitar que o Itamaraty seja incapaz de enfrentar o ineditismo desse desafio, apesar da resposta covarde dos golpistas e dos saudosistas de regimes militares. Estes não apenas em Honduras.

(*) Carol Proner é doutora em Direito, Professora de Direito Internacional da UniBrasil e Pesquisadora da l'École des hautes études en sciences sociales em Paris, Professora do Programa de Direitos Humanos e Desenvolvimento da Universidade Pablo de Olavide, Sevilha. carolproner@uol.com.br. 

Agência Carta Maior

14 de setembro de 2009

Lula e o molusco

Boa Vista - O presidente Lula está hoje em Roraima. A chegada foi silenciosa. A recepção é que não foi. Políticos ruralistas promoveram baderna no Aeroporto e levaram porrada da Polícia Militar. Hummm. Escrever isso é como estar na redação de Veja. É a anti-Manchete da Veja. Ou uma manchete da Anti-Veja. Caetaneável.

Roraima é um universo paralelo onde tudo é diferente. Aqui os ricos apanham da polícia e políticos inauguram "internet rápida" numa escola em greve. Enquanto isso, artigos desmentem o Ibope e classificam Lula como o pior presidente da História (!). A imprensa, com seu doutorado em Antropologia, decide que os índios não são originários da região e citam a referência bibliográfica: o jornal Valor Econômico.

Uma natureza assustadoramente bela, ameaçada por velha aristocracia rural que aboia uma massa ignara conduzida a pão e circo. Isto é Roraima. É a vida é de gado (Zé Ramalho) de um polvo sem controle sobre os próprios tentáculos.

11 de setembro de 2009

Chávez, Ahmadinejad e a nova “crise dos mísseis”


por Alejandro Peña Esclusa, 28 de fevereiro de 2009


Em 6 de janeiro de 2009, Hugo Chávez expulsou o embaixador de Israel na Venezuela. No dia seguinte, o grupo terrorista Hamas felicitou publicamente a “valente medida do presidente venezuelano”. Três semanas mais tarde, depois de reiterados discursos anti-semitas por parte de funcionários venezuelanos, a Sinagoga Tiferet Israel em Caracas foi selvagemente profanada. Os perpetradores foram posteriormente capturados pela polícia, porém não há dúvida de que atuaram incentivados pelo discurso oficialista.
Os fatos não são casuais. São o resultado dos múltiplos acordos políticos e econômicos firmados entre Chávez e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que prometeu “apagar Israel da face da Terra”. Cabe perguntar: a que se deve esta estranha aliança entre um dirigente marxista venezuelano e um líder fundamentalista iraniano?
Em que pese o mito do suposto apoio com que Chávez conta, a realidade é que ele se mantém no poder devido à fraude eleitoral, à compra de consciências, à repressão contra seus adversários e o medo generalizado. Chávez sabe muito bem que, com a queda do preço do petróleo, enfrentará muito em breve uma situação muito difícil caracterizada pela inflação, o desemprego e o desabastecimento.
Frente à crise, os venezuelanos exigirão resultados concretos que Chávez será incapaz de lhes proporcionar. Além disso, o culparão por não ter feito previsões nos tempos de bonança e por ter diesperdiçado milhares de dólares em sua revolução continental. De modo que não lhe restará outro remédio senão recorrer à repressão para refrear a população.
Chávez não acredita que os militares venezuelanos estejam dispostos a cometer delitos de lesa-humanidade para sustentar seu governo. As milícias e as forças para-militares oficialistas não estão suficientemente preparadas. As FARC colombianas – aliadas incondicionais de Chávez – estão sendo desmanteladas. Portanto, Chávez necessita de outra força de choque capaz de conter o descontentamento popular e aferrá-lo no poder.
Em finais de 1962, se apresentou a Fidel Castro uma situação similar à que hoje vive Chávez. Apesar de haver derrotado seus adversários na Baía dos Porcos, Castro ficou debilitado e preocupado. A solução para seu dilema foi emprestar o território cubano para a colocação de mísseis nucleares soviéticos alinhados para os Estados Unidos. Como conseqüência da “crise dos mísseis”, foi assinado um acordo entre Kennedy e Kruschev que, dentre outras coisas, serviu para manter o regime castrista até a presente data.
Chávez, pupilo de Fidel Castro, aprendeu a lição; só que substituiu a ameaça soviética do século XX pela ameaça moderna do século XXI: o fundamentalismo islâmico. Chávez pretende emprestar o território venezuelano aos grupos terroristas do Oriente Médio, não só para que o defendam internamente com o uso das armas, mas para ter uma poderosa ferramenta de dissuasão para com seus adversários internacionais.
Como se fosse pouco, Chávez exportou sua estratégia de terror abrindo a seu “irmão” Ahmadinejad as portas da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, cujos governos também assinaram acordos políticos e econômicos com o Irã. Se semelhante loucura não for freada logo, desta vez a “crise dos mísseis” ocorrerá em nível continental.


Tradução: Graça Salgueiro

O que há de comum entre Hitler e Chávez?


Publicado por Latin America Defesanet, 05 Março 2007


Hugo Chávez (1954-), atual presidente da Venezuela, e Adolf Hitler (1889-1945), antigo líder e chanceler da Alemanha (1933-1945), apresentam algumas similaridades nas suas carreiras políticas, mesmo que um seja adepto do marxismo e o outro o criador do nazismo, correntes políticas antagônicas.Ambos foram militares antes de ingressarem na política. Ambos fizeram tentativas fracassadas de tomar o poder: Hitler em 1923 e Chávez em 1992. Ambos cumpriram penas por tais tentativas. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, em abril de 1924, e permaneceu preso pouco mais de um ano (incluindo o período antes e durante seu julgamento), sendo libertado em dezembro de 1924, quando o governo decidiu que ele não era perigoso para a sociedade. Chávez permaneceu preso dois anos e foi libertado em 1994, após ter sido perdoado pelo presidente da Venezuela.Tanto Hitler como Chávez chegaram ao poder através do voto e, de forma similar, seus dois países enfrentavam situações econômicas com alta inflação e altas taxas de desemprego. O partido nazista alcançou a maioria no Parlamento nas eleições de abril de 1932. No entanto, o presidente Hindenburg recusou-se a indicar um simples cabo para o cargo de chanceler, indicando o aristocrata Franz von Papen em seu lugar. Como apenas um partido minoritário o apoiava no Parlamento, ele convocou novas eleições em julho, na qual os nazistas conquistaram uma vitória retumbante. Novamente Hindenburg recusou-se a indicar Hitler. Quando o governo von Papen perdeu um voto de confiança no Parlamento, novas eleições foram convocadas, para novembro, quando novamente os nazistas conquistaram a maioria. Uma terceira vez Hindenburg indicou outro nome ao invés de Hitler, desta vez o general Kurt von Schleicher, o qual não conseguiu formar um governo; em janeiro de 1933, Hindenburg não teve alternativa senão a de nomear Hitler como chanceler, com o apoio declarado de industriais e homens de negócios. Em fevereiro de 1933, houve um incêndio no Parlamento, com os comunistas sendo acusados pelo governo como responsáveis, apesar de muito provavelmente terem sido os próprios nazistas que engendraram o incêndio. Com isso, Hitler conseguiu banir seus principais adversários, os comunistas, e em março de 1933, o Parlamento aprovou um ato legislativo que dava plenos poderes a Hitler; alguns partidos, entre eles o social-democrata, foram banidos, ao passo que outros se auto-dissolveram. Em 1934, com a morte do presidente Hindenburg, Hitler passou uma nova lei na qual a presidência era declarada dormente e nomeava ele como líder e chanceler (Führer und Reichskanzler). Todos os integrantes das forças armadas foram obrigados a prestar juramento de fidelidade incondicional a Hitler. Após a conquista total do poder, o governo nazista investiu maciçamente no rearmamento e melhoria das condições de vida da população, incluindo a construção de auto-estradas e de melhores moradias. Todos os meios de produção foram colocados sob o controle do estado. O desemprego diminuiu consideravelmente sem, no entanto, ter sido erradicado como a propaganda nazista apregoou. A inflação foi manipulada pelo governo nazista, a fim de parecer menor do que realmente era; a conquista de vários países nos primeiros anos da II Guerra Mundial contribuiu para reduzir a inflação, já que os depósitos de ouro daqueles países foram tomados pela Alemanha Nazista. Em 1944, houve um atentado fracassado contra a vida de Hitler; todos os integrantes do movimento foram caçados e fuzilados rapidamente. Os poderes absolutos de Hitler, a transformação da Alemanha num estado policial e a agressão a outros países (apoiado pelas perniciosas políticas de apaziguamento da Grã-Bretanha e da França) levaram o mundo ao pior conflito do século XX, quando mais de 50 milhões de pessoas pereceram - e Hitler acabou por se suicidar em 30 de abril de 1945, quando a guerra já estava perdida para a Alemanha.Chávez, após ser libertado, reconstruiu seu movimento político e, com o apoio de bancos estrangeiros à sua campanha presidencial em 1998, foi eleito com 56% dos votos. Seus primeiros atos dentro da chamada "revolução bolivariana" foram de reconstrução do país, com investimentos na construção de estradas e moradias e na saúde pública. Também reverteu processos de privatização em andamento e promoveu reformas na constituição, aumentando o mandato presidencial de cinco para seis anos. Em 2000, após a vitória nas eleições presidenciais, com 60% dos votos, o congresso venezuelano, com o apoio de Chávez, aprovou um ato legislativo que deu poderes a Chávez para governar por decreto por um ano. Em 2001, após Chávez ter decretado a nacionalização da produção de petróleo e derivados e imposição de reforma agrária, houve uma greve geral para tentar forçar Chávez a discutir tais decretos, porém com quase nenhum resultado. Ao final daquele ano a inflação havia caído para aproximadamente 12%, o índice mais baixo desde 1986. Em 2002, após manifestações populares contrárias a Chávez e uma forte reação do governo, Chávez foi deposto pelo comandante das forças armadas venezuelanas no dia 11 de abril; as medidas tomadas pelo novo presidente, Pedro Carmona, revertendo os decretos populistas de Chávez, não foram aceitas pela população pró-Chávez e, dois dias após, Chávez retornou ao poder. Novas medidas foram tomadas, estendendo a reforma agrária, o acesso gratuito à educação até o nível universitário e a nacionalização de atividades econômicas consideradas estratégicas para a Venezuela. A partir de 2004, um forte processo de rearmamento foi iniciado, firmando acordos com a Rússia para suprir desde fuzis automáticos até modernos caças Sukhoi 27. Em 2006, Chávez foi reeleito uma segunda vez, alcançando 63% dos votos. Já nos primeiros meses de governo, Chávez continuou com o processo de nacionalização, dessa vez visando a maior empresa de telefonia do país e as empresas de produção de energia elétrica. Os gastos públicos aumentaram consideravelmente em 2005-2006, o que poderá elevar a inflação. Em fevereiro de 2007, novamente o congresso venezuelano autorizou Chávez a governar por decreto, por um período de dezoito meses, dando a ele poderes ditatoriais.Chávez tem criado uma rede de apoio político a seus projetos no cenário internacional, unindo-se ao governo comunista de Cuba e apoiando abertamente Evo Morales, da Bolívia, em processos similares de nacionalização de atividades econômicas (os quais tem afetado diretamente o Brasil). Hitler fez o mesmo em sua época, formando o Eixo com a Itália fascista de Benito Mussolini e apoiando Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola; ao mesmo tempo, retomou militarmente regiões alemãs retiradas da Alemanha pelo Tratado de Versalhes, causando graves crises políticas na Europa, que acabaram culminando na II Guerra Mundial. Chávez também tem criado tensões no cenário político, interferindo publicamente nas eleições presidenciais do Peru e oferecendo fornecimento de gás a preços reduzidos para populações carentes nos EUA (numa clara demonstração de desafio ao presidente norte-americano), apesar de não haver feito qualquer demanda por territórios pertencentes a países vizinhos.Hitler usou de meios legais para chegar ao poder e para obter o poder absoluto. Chávez fez o mesmo. A história mostra que quando poderes absolutos são concedidos ao dirigente de uma nação, surgem tensões e conflitos internos e externos. Irá a história se repetir, dessa vez na América Latina?

7 de setembro de 2009

Eleições e mídia, tudo a ver

Manaus - O texto abaixo foi retirado do blog do Luís Nassif, que recebeu de um leitor, que pegou na Carta Capital

Eleições e mídia, tudo a ver

Gonzaga Belluzzo

Eu estava na ante-sala de uma médica, em Salvador. Sábado, dia 29 de agosto. E apenas por essa contingência, dei-me de cara com uma chamada de primeira página - uma manchetinha - da revista Época, já antiga, de março deste ano de 2009: A moda de pegar rico - as prisões da dona da Daslu e dos diretores da Camargo Corrêa.

Alguém já imaginou uma manchete diferente, e verdadeira como por exemplo, A moda de prender pobres? Ou A moda de prender negros? Não, mas aí não. A revolta é porque se prende rico. Rico, mesmo que cometendo crimes, não deveria ser preso.

Lembro isso apenas para acentuar aquilo que poderíamos denominar de espírito de classe da maioria da imprensa brasileira. Ela não se acomoda - isso é preciso registrar. Não se acomoda na sua militância a favor de privilégios para os mais ricos. E não cansa de defender o seu projeto de Brasil sempre a favor dos privilegiados e a favor da volta das políticas neoliberais. Tenho dito com certa insistência que a imprensa brasileira tem partido, tem lado, tem programa para o País.

E, como todos sabem, não é o partido do povo brasileiro. Ela não toma partido a favor de quaisquer projetos que beneficiem as maiorias, as multidões. Seus olhos estão permanentemente voltados para os privilegiados. Não trai o seu espírito de classe.

Isso vem a propósito do esforço sobre-humano que a parcela dominante de nossa mídia vem fazendo recentemente para criar escândalos políticos. E essa pretensão, esse esforço não vem ao acaso. Não decorre de fatos jornalísticos que o justifiquem.
Descobriram Sarney agora. Deu trabalho, uma trabalheira danada. A mídia brasileira não o conhecia após umas cinco décadas de presença dele na vida política do país. Só passou a conhecê-lo quando se fazia necessário conturbar a vida do presidente da República. O ódio da parcela dominante de nossa mídia por Lula é impressionante. Já que não era possível atacá-lo de frente, já que a popularidade e credibilidade dele são uma couraça, faça-se uma manobra de flanco de modo a atingi-lo. Assim, quem sabe, terminemos com a aliança do PMDB com o PT.

Não, não se queira inocência na mídia brasileira. Ninguém pode aceitar que a mídia brasileira descobriu Sarney agora. Já o conhecia de sobra, de cor e salteado. Não houve furo jornalístico, grandes descobertas, nada disso. Tratava-se de cumprir uma tarefa política. Não se diga, porque impossível de provar, ter havido alguma articulação entre a oposição e parte da mídia para essa empreitada. Talvez a mídia tenha simplesmente cumprido o seu tradicional papel golpista.

Houvesse a pretensão de melhorar o Senado, de coibir a confusão entre o público e o privado que ali ocorre, então as coisas não deviam se dirigir apenas ao político maranhense, mas à maior parte da instituição. Só de raspão chegou-se a outros senadores. Nisso, e me limito a apenas isso, o senador Sarney tem razão: foi atacado agora porque é aliado de Lula. Com isso, não se apagam os eventuais erros ou problemas de Sarney. Explica-se, no entanto, a natureza da empreitada da mídia.

A mídia podia se debruçar com mais cuidado sobre a biografia dos acusadores. Se fizesse isso, se houvesse interesse nisso, seguramente encontraria coisas do arco da velha. Mas, nada disso. Não há fatos para a mídia. Há escolhas, há propósitos claros, tomadas de posição. Que ninguém se iluda quanto a isso.
Do Sarney a Lina Vieira. Impressionante como a mídia não se respeita. E como pretende pautar uma oposição sem rumo. É inacreditável que possamos nós estarmos envolvidos num autêntico disse-me-disse quase novelesco, o país voltado para saber se houve ou não houve uma ida ao Palácio do Planalto. Não estamos diante de qualquer escândalo. Afinal, até a senhora Lina Vieira disse que, no seu hipotético encontro com Dilma, não houve qualquer pressão para arquivar qualquer processo da família Sarney - e esta seria a manchete correta do dia seguinte à ida dela ao Senado. Mas não foi, naturalmente.
Querem, e apenas isso, tachar a ministra Dilma de mentirosa. Este é objetivo. Sabem que não a pegam em qualquer deslize. Sabem da integridade da ministra. É preciso colocar algum defeito nela. Não importa que tenham falsificado currículos policiais dela, vergonhosamente. Tudo isso é aceitável pela mídia. Os fins, para ela, justificam os meios.
Será que a mídia vai atrás da notícia de que Alexandre Firmino de Melo Filho é marido de Lina? Será? Eu nem acredito. E será, ainda, que ele foi mesmo ministro interino de Integração Nacional de Fernando Henrique Cardoso, entre agosto de 1999 e julho de 2000? Era ele que cochichava aos ouvidos dela quando do depoimento no Senado? Se tudo isso for verdade, não fica tudo muito claro sobre o porquê de toda a movimentação política de dona Lina? Sei não, debaixo desse angu tem carne…
Mas, há, ainda, a CPI da Petrobras que, como se imaginava, está quase morrendo de inanição. Os tucanos não se conformam, E nem a mídia. Como é que a empresa tornou-se uma das gigantes do petróleo no mundo, especialmente agora sob o governo Lula e sob a direção de um baiano, o economista José Sérgio Gabrielli de Azevedo? Nós, os tucanos, pensam eles, fizemos das tripas coração para privatizá-la e torná-la mais eficiente, e os petistas mostram eficiência e ainda por cima descobrem o pré-sal. É demais para os tucanos e para a mídia, que contracenou alegremente com a farra das privatizações do tucanato.
Acompanho o ditado popular “jabuti não sobe em árvore”. A CPI da Petrobras não surge apenas como elemento voltado para conturbar o processo das eleições. Inegavelmente isso conta. Mas o principal são os interesses profundos em torno do pré-sal. Foi isso ser anunciado com mais clareza e especialmente anunciada a pretensão do governo de construir um novo marco regulatório para gerir essa gigantesca reserva de petróleo, e veio então a idéia da CPI, entusiasticamente abraçada pela nossa mídia. Não importa que não houvesse qualquer fato determinado. Importava era colocá-la em marcha.
Curioso observar que a crise gestada pela mídia com a tríade Sarney-Lina-Petrobras, surge precisamente no mesmo período daquela que explodiu em 2005. Eleições e mídia, tudo a ver. Por tudo isso é que digo que a mídia constitui-se num partido. Nos últimos anos, ela tem se comportado como a pauteira da oposição, que decididamente anda perdida. A mídia sempre alerta a oposição, dá palavras-de-ordem, tenta corrigir rumos.
De raspão, passo por Marina Silva. Ela sempre foi duramente atacada pela mídia enquanto estava no governo Lula. Sempre considerada um entrave ao desenvolvimento, ao progresso quando defendia e conseguia levar adiante suas políticas de desenvolvimento sustentável. De repente, os colunistas mais conservadores, as revistas mais reacionárias, passam a endeusá-la pelo simples fato de que ela saiu do PT. É a mídia e sua intervenção política. Marina, no entanto, para deixar claro, não tem nada com isso. Creio em suas intenções de intervenção política séria, fora do PT. Neste, teve uma excelente escola, que ela não nega.
Por tudo isso, considero essencial a realização da I Conferência Nacional de Comunicação. Por tudo isso, tenho defendido com insistência a necessidade de uma nova Lei de Imprensa. Por tudo isso, em defesa da sociedade, tenho defendido que volte a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Por tudo isso, tenho dito que a democratização profunda da sociedade brasileira depende da democratização da mídia, de sua regulamentação, de seu controle social. Ela não pode continuar como um cavalo desembestado, sem qualquer compromisso com os fatos, sem qualquer compromisso com os interesses das maiorias no Brasil.

1 de setembro de 2009

Líderes ameaçados de morte

Manaus - Vou reproduzir aqui, a carta do Movimento SOS Encontro das Águas, sobre ameaças que líderes estariam sofrendo. O padre Orlando Barbosa, que já está de mudança para outro estado, e o líder comunitário Isaque Dantas se opõem a construção de um porto que, segundo eles, ameaça o Encontro das Águas, um dos cartões postais de Manaus, e a pesca no Lago do Aleixo, onde dezenas de pescadores trabalham.


...
LIDERANÇAS AMEAÇADAS DE MORTE


Aos
Senador João Pedro
Senador Arthur Virgílio
Senador Jefferson Praia
Deputado Federal Francisco Praciano
Deputado Luiz Castro
Deputado Ângelus Figueira
Vereador Marcelo Ramos
Vereador Mário Frota
Assunto: Urgente proteção às vidas do Pe. Orlando Barbosa e Isaque Dantas e conservação do Encontro das Águas.

Ilustríssimos Parlamentares Amazonenses
O movimento socioambiental “SOS Encontro das Águas” constituído por organizações comunitárias da Colônia Antônio Aleixo e civis de Manaus com o objetivo de promover a conservação e a recuperação dos recursos naturais na região do Encontro das Águas, maior símbolo da natureza e da identidade cultural do Amazonas, se posiciona contundentemente contrário a construção do Porto das Lajes nesta região devido a degradação social e aos impactos ambientais que o empreendimento acarretará aos bens comunais.
A Comunidade da Colônia Antônio Aleixo desde novembro de 2008 quando se iniciou o processo de mobilização em defesa do Encontro das Águas tem sido vítima de abuso do poder econômico e da propagação de falsas informações por parte dos empresários da Lajes Logística, da empresa de consultoria responsável pelo EIA/RIMA e até de órgãos governamentais interessados no licenciamento ambiental do terminal portuário na região das Lajes. No entanto, desde que o Líder Comunitário Isaque Dantas, membro do “Movimento SOS Encontro das Águas”, venceu no dia 15/08/09 as eleições da Associação Comunitária do Complexo da Colônia Antonio Aleixo com mais de 800 votos de diferença da chapa bancada pela Lajes Logística e desde que o ministério Público Estadual requereu o cancelamento das Audiências Públicas do Porto das Lajes, as ameaças e coações se tornaram mais constantes contra os membros do movimento “SOS Encontro das Águas”. Os dois principais líderes comunitários do movimento pacífico pela conservação do Encontro das Águas, Pe. Orlando Barbosa e Isaque Dantas têm recebido ameaças de morte. O Pe. Orlando no dia 26/07/09 foi assaltado em sua casa a mão armada por quatro indivíduos que levaram seu computador, seu lap-top e celulares e os bandidos ainda continuam o seguindo. Para proteger a vida do dedicado Pe Orlando que tanto colabora pela qualidade de vida da Colônia Antônio Aleixo, o Bispo está o transferindo para Paróquia de outro estado, o que infelizmente ocorrerá neste próximo dia 2 de setembro.
Portanto, para proteger a vida de dois grandes defensores do nosso maior patrimônio e para que esta luta pela preservação do Encontro das Águas e pelo uso sustentável dos recursos desta região em prol das comunidades que ali vivem, solicitamos aos ilustres parlamentares representantes do Estado do Amazonas que tomem urgentemente as seguintes medidas:
1 - Ação conjunta com o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual requerendo que a Polícia Federal investigue a origem das ameaças e do assalto e proteja as vidas do Pe. Orlando Barbosa e do Líder Comunitário Isaque Dantas.
2 - Acompanhamento do processo de Tombamento do Encontro das Águas que tramita no Ministério da Cultura a fim de que seja atendida com a urgência que o assunto merece a proposta mais ampla de tombamento apresentada pelo IPHAN –AM que inclui a área onde se pretende construir o Porto das Lajes que contempla o igapó mais preservado da margem esquerda do Encontro das Águas, o canal de entrada e a restinga do piscoso Lago do Aleixo e o Lago do buraco do Oscar, importantíssimo nicho de desova dos peixes da região.
3 - Reiteração da solicitação do movimento “SOS Encontro das Águas” ao IPAAM e demais órgãos ambientais para que a região do Encontro das Águas que está em processo de tombamento seja transformada em Unidade de Conservação de Uso Sustentável para que assim se estabeleça um plano de gestão que beneficie a conservação e o uso sustentável dos bens comuns pelas comunidades locais.
4 - Ampla divulgação jornalística da importância da conservação do Encontro das Águas e do processo de tombamento.

Atenciosamente.

Movimento SOS Encontro das Águas
Associação de Amigos de Manaus (AMANA), Núcleo de Cultura Política de Manaus (NCPAM), Conselho Gestor Socioambiental da Colônia Antonio Aleixo e Bela Vista (CGS-CB) formado por 10 entidades civis locais, Espaço Cidadão de Arte e Educação da Colônia Antônio Aleixo (ECAE), Centro Social Educacional do Lago do Aleixo (CSELA), Centro dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus (CDH), Movimento Fé e Política Construindo o Poder Popular. Fórum pela Ética e Pólíticas Publícas - Am, Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Amazonas, Fórum Permanente de Defesa da Amazônia Ocidental, Sindicato dos Jornalistas do Estado do Amazonas, Associação Comunitária do Complexo da Colônia Antonio Aleixo, WOMARÃ - Associação Cultural Ambiental e Tecnológica, Associação Beneficente dos Locutores Autônomos de Manaus, Associação Chico Inácio, Conselho Municipal de Mulheres / Articulação de Mulheres do Amazonas (AMA) / Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (MAMA), Partido Verde, Associação Artística de Periferia (AAP), Associação dos Pescadores do Lago do Aleixo, Associação de Moradores da Colônia Antônio Aleixo , Grêmio Recreativo da Escola de Samba do Coroado (GRES) , Instituto de Cidadania e Inclusão (IACI), Centro Holos, Comissão de Assuntos Amazônicos, Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas .

31 de agosto de 2009

Do Timor

Portugal ocupa uma posição única do nosso país. Diria que uma posição central! Partilhamos centenas de anos de uma ligação colonial que, apesar da dimensão óbvia da subjugação, une povos e culturas (...) e forja uma nova identidade, ajudando-nos a progredir de comunidades tribais para um Estado-nação.

José Ramos Horta, no blog da Nova Águia.

18 de agosto de 2009

Censura contra blogs vira moda no Brasil. Rebele-se contra isso

Boa Vista - Algo de muito perigoso acontece no Brasil e poucos estão dando a devida atenção ao fato. De Norte a Sul, políticos e instituções incomodados com jornalistas e cidadãos que se utilizam de blogs para usufruir do seu direito constitucional à livre expressão estão sendo censurados.

Tudo começou em 2006 com a perseguição do senador José Sarney (PMDB-AP) à jornalista
e blogueira Alcinéa Cavancante, no Amapá. Essa corajosa jornalista teve seu primeiro blog deletado do UOL, de forma muito estranha, e hoje acumula multas aplicadas pela justiça amapaense que já beiram R$ 1 milhão. Mesmo assim ela resiste bravamente.

No dia 6 de agosto foi a vez do blog jornalístico A Nova Corja, do Rio Grande do Sul, encerrar as suas atividades em decorrência de ações judiciais que minaram a resistência dos responsáveis pela página.

O blog vinha divulgando uma séria de matérias nas quais denunciava corrupção no governo de Yeda Crusius. O último blogueiro do A Nova Corja a continuar postando foi Rodrigo Álvares, que publicou o post de despedida em 6 de agosto.

Agora, em Santa Catarina, uma nova onda de censura pretende abater o blog do professor Roberto Moraes. E o pior de tudo, a perseguição parte de um jornal.

Essa onda de processos contra blogueiros fere frontalmente os preceitos constitucionais que nos garantem a liberdade de livre expressão de pensamentos e ideias, como assinalado nos artigos e incisos que transcrevo abaixo.

Art. 5°, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Art. 5°, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a. informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§1° – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV;
§2° – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
Nós não podemos aceitar esse tipo de coisa. Todos os blogueiros, todas as pessoas que lutam pelos direitos individuais e coletivos devem se manifestar contra a censura. Afinal, somos uma Nação democrática, com uma Constituição libertária que precisa ser respeitada.

3 de agosto de 2009

Milícias atacam indígenas em Roraima

Boa Vista - Até o final da tarde de segunda-feira (3), nenhuma atitude foi tomada pelo governo brasileiro para impedir novos ataques por assentados do Projeto Nova Amazônia contra indígenas da comunidade Lago da Praia, região do Murupu.

Uma milícia armada conduz o estado de terror na região, usando técnicas de guerrilha. Destruir a infra-estrutura de comunicação, as escolas e os postos de saúde são ações para promover a desestabilização e ocupação de terras. Um ato de guerra declarado em plena terra indígena e autorizado pela omissão do Estado.

Os ataques se intensificaram na semana passada, quando milícias motorizadas agrediram verbalmente e espancaram agentes de saúde e o motorista que faz o transporte escolar. No final de julho, homens de moto encapuzados e armados de facões depredaram e queimaram uma casa, um posto de saúde com todos os equipamentos e remédios, uma escola e o sistema de rádio da comunidade.

Apesar dos ataques, ninguém foi preso pelas polícias Civil e Militar. A denúncia foi encaminhada à Polícia Federal, mas quem acabou detido foi o indígena Juliano Pereira da Silva, uma das vítimas das agressões.

Alguns moradores da comunidade fugiram para Boa Vista. Os que ficaram não conseguem dormir à noite com medo de novos ataques e de ter suas casas incendiadas. Apesar da situação insustentável, nada foi feito.

(Conselho Indígena de Roraima)

13 de julho de 2009

Ministro divulga ações de C,T&I para a Amazônia

Renan Albuquerque (Agência Fapeam, Manaus) -- O ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende, divulgou na manhã desta segunda- feira (13/7), durante a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada esta semana em Manaus (AM), dados referentes a investimentos na área de C&T na Amazônia.

Ele também enfatizou informações referentes ao plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional e sobre ações voltadas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.

De acordo com Rezende, no ano de 2000 havia pouco mais de 1 mil doutores na Amazônia e cerca de 650 no Estado do Amazonas. Hoje, esses números giram em torno de 4,7 mil doutores na Amazônia e 1,1 mil no Amazonas. “Perto de 7% de todos os doutores do Brasil estão na Amazônia. É pouco, mas os avanços são notórios”, avaliou o ministro.

Outros números informados por Rezende dão contra de que, nos últimos oito anos, os aportes financeiros do MCT para a área científica e tecnológica na Amazônia Legal foram elevados de R$ 126 milhões/ano, em 2003, para os atuais R$ 315 milhões, custeados em 2008.

“Não se trata apenas de um plano do MCT. É um plano federal, de governo, junto a ministérios como o de Minas e Energia, da Agricultura e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic)”, ressaltou.

Os investimentos em Fomento à Pesquisa na Amazônia cresceram 311% nos últimos cinco anos, enquanto que os recursos para bolsas no país e no exterior aumentaram 133%, conforme Rezende. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FNDCT/Fundos Setoriais) investiu na Amazônia Legal R$ 339 milhões de 2003 a 2008”, afirmou o ministro.

Institutos de Pesquisa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), juntos com o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), foram os três institutos de pesquisas que mais conseguiram financiamento de 2003 a 2008 na Amazônia Legal. O Inpa teve R$ 445,5 milhões, o IDSM conseguiu R$ 28,2 milhões e o MPEG teve R$ 143,8 milhões. Também teve destaque o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), com sede em Manaus. De 2003 a 2007, o MCT destinou R$ 14,6 milhões para o complexo de laboratórios e núcleos de pesquisa.

Em uma ou vertente, mas não menos importante e que contará com investimentos do MCT, está o Sistema Detex, novo sistema de monitoramento por satélite da Amazônia que detecta cortes seletivos de árvores na região amazônica. O sistema será essencial para a fiscalização de concessões florestais em licitação pelo Serviço Florestal Brasileiro.

Outra iniciativa importante foi o anúncio oficial da criação do Laboratório de Monitoramento Ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Belém (PA), que contará com recursos de R$ 12 milhões.

Além desses investimentos, a ampliação da conexão de Manaus, de 16 Mbps para 20 Mbps, será efetivada, tendo em vista tornar mais rápido o acesso à internet e, consequentemente acelerar a transmissão de informações.

10 de julho de 2009

Do Maranhão

Boa Vista - O texto não tem autoria reconhecida e não é novo. Mas vale uma reflexão sobre os tempos atuais. Enquanto o presidente da República emplaca 80 por cento de aprovação, Judiciário e Legislativo naufragam em denúncias de todo gênero. Para engrossar os coros de "Fora, Gilmar" e "Fora, Sarney", segue o texto:

Para nascer, Maternidade Marly Sarney. Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou, Roseana Sarney. Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney.

Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;

Para inteirar-se das notícias, leia o jornal "O Estado do Maranhão", ou ligue a TV na "TV Mirante", ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário.

Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, o que é proibido pela Constituição, coisa que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor).

Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas 'maravilhosas' rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.

Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney...

Seria cômico se não fosse tão triste....

E quando o Zé Sarney morrer.... o Maranhão fica para seus filhos ou volta para o povo????

Quando José Sarney (Presidente do Senado do Brasil) morrer...certamente irão trocar o nome do Maranhão.

3 de julho de 2009

Equipe do Diário do Pará é agredida por Policial Militar

Nova Lima - O fotógrafo Marco Santos e a repórter Adriana Robalo, do jornal Diário do Pará foram agredidos por um policial militar dentro da seccional de São Braz, em Belém, Pará no dia 20 de junho. A equipe cobria o depoimento do policial militar Francisco Canindé da Paixão Ribeiro, autor de sete disparos contra Bruno Ricardo Bezerra Gomes.

Em entrevista à Abraji, o fotógrafo relatou que um policial militar se aproximou quando percebeu que ele tirava fotos do acusado. “Ele empurrou minha câmera e tocou na arma, numa espécie de intimidação. Dizia que o acusado não tinha autorizado as fotos”, declara.

O fotógrafo registrou boletim de ocorrência na 8 seccional de Icoaraci, em Belém.

Canindé estava acompanhado de outro policial militar, Alberto de Araújo, ambos suspeitos de homicídio. Em nota oficial, a Assessoria de Comunicação Social da Polícia Militar do Pará declarou:

“A polícia militar deteve e apresentou para o flagrante os policiais militares suspeitos do homicídio. Autuados, encontram-se agora à disposição do poder judiciário. Em adição, na esfera administrativa, tais policiais militares responderão a um Conselho de Disciplina, conforme legislação militar específica, cuja sanção máxima pode resultar na exclusão dos quadros da instituição. A instituição repudia, também, qualquer atentado à liberdade de imprensa, tanto que, mesmo não tendo sido acionada por qualquer profissional ofendido, imediatamente instaurou procedimento disciplinar para apurar o possível comportamento inadequado de um oficial da instituição”.

2 de julho de 2009

Coletivo Caimbé na web

Boa Vista - O Coletivo Arteliteratura Caimbé já está com o seu blog na ativa. O leiaute foi todo trabalhado pelo negão Luiz Valério, que está curtindo férias forçadas no sul de Roraima.

28 de maio de 2009

Banda Larga, a lorota


Boa Vista - O presidente da Oi Telemar anunciou que Roraima terá acesso à internet de banda larga em agosto.

Luiz Eduardo Falco mantém a rotina de autoridades do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público. De vez em quando alguém anuncia que, daqui a três meses, haverá conexão de qualidade.

Dizem que a mania começou a uns 10 anos.

Veremos.

20 de maio de 2009

Congelamento literário

Boa Vista - A revista Minguante lança sua nova e criogenizada edição de micronarrativas.
Os textos deste cronista e alguns outros muitos escritores de Portugal, Brasil e Espanha podem ser lidos a partir de um simples clique na imagem abaixo.

20 de abril de 2009

Veja a lista dos campeões dos voos internacionais

Manaus - Do Congresso em foco:

Saiba quais foram, de acordo com os registros das empresas aéreas, os 19 deputados que usaram a cota para 20, ou mais, trechos aéreos internacionais

Edson Santos/Ag. Câmara
Dagoberto Nogueira usou a cota de passagens da Câmara para pagar 40 viagens ao exterior

Lúcio Lambranho, Edson Sardinha e Eduardo Militão

Deputado de primeiro mandato, Dagoberto Nogueira Filho (PDT-MS), 53 anos, se destaca na utilização da cota parlamentar em viagens internacionais. Os registros das empresas aéreas mostram que ele usou a cota para pagar 40 voos ao exterior, 22 deles tendo como passageiros o próprio deputado e dois integrantes de sua família: a mulher, Maria Verônica Nogueira, e a filha, Mariana Nogueira.

Conforme os registros, Dagoberto usou um total de R$ 92.629,60 em passagens para outros países, sendo R$ 56.962,52 relativos à emissão de bilhetes e R$ 35.667,08 ao pagamento de taxas. Os destinos foram Paris, Milão, Miami, Buenos Aires e Nova York.

Dos 19 deputados que usaram a cota para 20 ou mais voos, cinco são do Ceará e quatro da Bahia. A lista dos campeões também inclui São Paulo e Rio de Janeiro (dois deputados de cada um desses estados) e ainda Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Pará. Entre os 19, há apenas uma mulher.

Veja a relação dos deputados que mais utilizaram passagens internacionais:

Deputado – Número de voos

Dagoberto Nogueira (PDT-MS) – 40

Léo Alcântara (PR-CE) – 35

Marcelo Teixeira (PR-CE) – 35

Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) – 29

Jilmar Tatto (PT-SP) – 28

Pedro Fernandes (PTB-MA) – 28

George Hilton (PP-MG) – 27

Vic Pires Franco (DEM-PA) – 27

Aníbal Gomes (PMDB-CE) – 24

Eduardo Lopes (PSB-RJ) – 24

Eugênio Rabelo (PP-CE) – 24

Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) – 24

Mário Negromonte (PP-BA) – 23

João Carlos Bacelar (PR-BA) – 22

Leandro Sampaio (PPS-RJ) – 22

Maurício Trindade (PR-BA) – 20

Rebecca Garcia (PP-AM) – 20

Roberto Balestra (PP-GO) – 20

Roberto Britto (PP-BA) – 20

“Temos de passar a Câmara a limpo”

Assim que concluiu o levantamento dos voos internacionais, o que ocorreu apenas no último fim de semana, o Congresso em Foco tentou ouvir os 19 deputados. Apenas um deles foi localizado, Vic Pires Franco (DEM-PA), que admitiu ter usado a cota da Câmara para pagar 27 voos internacionais.

Ele disse que o fez por imaginar estar agindo de acordo com a lei. O deputado responsabiliza a Terceira Secretaria da Câmara por orientar de forma indevida os parlamentares. Segundo Vic, o órgão, que é o responsável pela distribuição das cotas de passagens, sempre garantiu aos deputados autonomia para utilizar o benefício como bem entendessem.

Vic Pires Franco disse que cedeu parte de sua cota para a mulher, Valéria, ex-vice-governadora do Pará, os filhos, os namorados das filhas e um casal de amigos, do qual é compadre. As viagens foram para Miami, Buenos Aires e Paris.

“A gente fica até envergonhado, porque entra numa vala comum que me revolta”, disse ele. “Nunca me locupletei de dinheiro público. Viajei, porque a informação que recebíamos até quinta-feira da Câmara era de que podia. A cota eu usava como queria. Só vender é que não podia. Eu tinha três caminhos: devolver a cota, usá-la para viajar ou vendê-la. Devolver, ninguém nunca devolveu. Vender é crime. Só me restou viajar”.

Ex-líder da minoria, Vic avalia que as mudanças aprovadas pela Mesa Diretora semana passada, como a legalização do uso dos bilhetes por familiares e assessores e a redução em 20% no valor da cota que cabe a cada bancada estadual, são insuficientes para acabar com os abusos.

Ele defende que a Câmara estabeleça novas regras para controlar o uso dos benefícios oferecidos pela Casa aos deputados, como a verba indenizatória e as passagens aéreas. “Temos de passar a Câmara a limpo”, defendeu.

A assessoria de imprensa do deputado Dagoberto Nogueira informou que ele estava incomunicável numa fazenda do Pantanal sul-mato-grossense e se comprometeu a enviar posteriormente os esclarecimentos.

Leia tudo sobre a farra das passagens

17 de abril de 2009

UFAM APRESENTA EIA/ RIMA DA BR-319 EM PRÉVIA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA

Manaus - Da Assessoria de Imprensa:

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) apresentou nesta sexta, 17 de abril, na reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para a reconstrução da rodovia BR-319. A apresentação foi uma prévia das audiências públicas que acontecem ainda este mês em Humaitá (22/04), Porto Velho (23/04), Careiro Castanho (27/04) e Manaus (28/04).

Para o coordenador do Estudo, o professor da Ufam, Alexandre Rivas, a realização do encontro foi bastante proveitoso. “Nossa intenção é que o maior número de pessoas tome conhecimento sobre os estudos que realizamos e que a discussão sobre a reconstrução da rodovia BR-319 seja ampla e acessível a toda sociedade”, afirmou Rivas.

Durante o evento foram apresentados os resultados do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da reconstrução do trecho entre os km 250 e km 655,7 que englobam aspectos como os diagnósticos físico, biótico e socioeconômico da região e apresentam os possíveis impactos ambientais da obra e as medidas mitigadoras a serem tomadas para minimizar estes impactos. Rivas apresentou também os Programas Ambientais, que deverão ser implementados pelo responsável da obra, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT), assim que a rodovia for licenciada.

Segundo Rivas, o que mais preocupa os pesquisadores é o desmatamento que pode ocorrer na área de influência da rodovia. Para evitar esse impacto é necessária a criação de unidades de conservação ao longo do trecho estudado.

“As unidades de conservação são importantes, pois além de aumentarem a governança na região, também servem como uma blindagem natural ao desmatamento. A implementação de grande número de áreas protegidas estanca o desmatamento”, reforçou Rivas.

O EIA da BR-319 teve início em abril de 2007, quando o Ministério dos Transportes convidou a Ufam para apresentar uma proposta de trabalho para o desenvolvimento do estudo. Desde então, a Ufam assumiu a tarefa de coordenar pesquisadores de fauna, flora, hidrologia, demografia, endemias, arqueologia, entre outras, responsáveis por caracterizar socioambientalmente as áreas ao longo da rodovia e fazer prognósticos a respeito de sua reconstrução.

11 de março de 2009

Os reis da baixaria

Boa Vista - No Brasil, entre as leis que não pegam, está a das concessões de teledifusão. Apesar de temporárias, na prática elas são permanentes. Não fosse assim, teríamos o maior rodízio de canais abertos que se tem notícia por falta de atendimento às exigências constitucionais. Mas no continente apenas Hugo Chávez parece ter moral suficiente para cassar uma concessão mal utilizada.

Infelizmente, por falta de estudo, nossos diretores de programação só lêem o caput do Artigo 220, esquecendo que sua principal missão é cumprir o que está disposto no Artigo 221:

A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.


Estaria a intelligentsia condenada ao gueto da TV paga? Estaria o povo condenado a uma televisão de péssima qualidade?

Como os donos das concessões são políticos ou gente ligada a eles, o campeonato da baixaria é disputado por todas as redes de TV, embora já exista uma emissora favorita:

RedeTV! é condenada a indenizar Xororó por ofender sua honra em programa

RedeTV! deve indenizar operador de câmera chamado de "Todinho" por Monique Evans

RedeTV! descumpre norma judicial e pode pagar R$ 1,5 milhão a Carolina Dieckmann

RedeTV! é condenada a indenizar Clodovil

9 de janeiro de 2009

como se alimenta o fundamentalismo?

Nova Lima - Menina palestina olha pela janela da escola da ONU que serve de abrigo para toda sua família, em Jarbala, na Faixa de Gaza. Os confrontos foram retomados na região após uma trégua entre Hamas e Israel, para liberar ajuda à região.

Palestinos carregam os corpos de três bebês mortos durante ataques israelenses.

Garotinho palestino chora nos corredores de uma escola da ONU na Faixa de Gaza. Ele está abrigado no local desde que teve de fugir de casa com a família, devido aos ataques das tropas de Israel. Uma outra escola das Nações Unidas que virou abrigo para os refugiados foi alvo de um ataque aéreo israelense. A ação matou três pessoas.


Palestino observa destroços de prédios atingidos por ataques aéreos no 14º dia da ofensiva israelense à região. O Conselho de Segurança da ONU pediu que Israel retirasse suas tropas de Gaza, após abstenção dos EUA na votação.



Garoto palestino chora em funeral de vítima de ataque aéreo na Faixa de Gaza. O conflito, que está prestes a entrar na terceira semana, já matou mais de 700 palestinos.




queira Deus, Allah, Ogum, Brahma ou seja lá quem mais for,
que as lágrimas de hoje não se transformem no terror de amanhã.



Nova Lima - Estima-se que pelo menos dois milhões de palestinos foram expulsos de suas terras (hoje são quatro milhões que ainda vivem fora da Palestina e que lhes é negado o direito ao retorno, diferente da Lei do retorno, que garante, automaticamente a todo judeu vivendo em qualquer parte do mundo a sua volta à Palestina, hoje Israel). Assim, não há que se falar em conflito religioso, como a mídia insiste. Mesmo no caso dos muçulmanos e cristãos.

8 de janeiro de 2009


de que é feito um terrorista?

*Carta aos judeus

Há mais de 60 anos seu povo clamou
ao mundo por solidariedade.
Chegou o momento de retribuir,
de mostrar que a solidariedade é um
sentimento universal


Por mais que o governo de Israel e todos os que o apoiam tentem, não irei odiar vocês, irmãos judeus. Ainda que as tropas israelenses matem centenas de crianças e pessoas inocentes, não irei desejar a morte de suas crianças nem jogar a culpa na totalidade de seu povo.

Mesmo que manchem a Faixa de Gaza com o sangue de um povo que também corre em minhas veias, metade árabe, não irei revoltar-me contra nenhuma etnia nem julgar que há raças melhores ou com mais direitos que outras, como quer nos fazer acreditar o governo israelense.

Embora eu também queira ouvir as vozes judaicas de protesto contra o massacre dos palestinos, não deixarei de condenar os que se calaram diante do holocausto judeu. E, mesmo que tomem à força a terra do povo árabe, não irei jamais apoiar o confisco dos bens do povo judaico, praticado há tempos pelo governo nazista.

Por mais que o governo de Israel e todos que o apoiam traiam a tradição hebraica dos grandes profetas que clamaram por justiça e paz, ainda quero manter viva a esperança que eles anunciaram. Mesmo que joguem sua memória na lata de lixo, faço dos profetas do antigo Israel os meus profetas, pois o anúncio da justiça não distingue credos, nações ou etnias.

Sei que muitos de vocês condenam a violência, não apoiam o massacre dos árabes palestinos e gostariam que o governo de Israel respeitasse as decisões da ONU e o clamor da comunidade internacional pelo cessar-fogo imediato. Mas gritem! Se sua voz não for ouvida, acreditar-se-ão com razão aqueles que ainda falam mal de seu povo.

Mesmo que sejam deploráveis todos os antissemitas, o silêncio dos judeus diante do massacre perpetrado pelo país que ostenta a estrela de Davi na bandeira pode ser usado como reforço para os argumentos torpes da superioridade racial.

Há mais de 60 anos seu povo clamou ao mundo por solidariedade. Chegou o momento de retribuir, de mostrar que a solidariedade é um sentimento universal e não restrito a uma etnia. Não deixem o governo de Israel fazer esquecer o quanto vocês sofreram como vítimas, só porque agora ele é algoz e está protegido pela maior potência mundial, os EUA.

Não permitam que a ação de Israel faça parecer que, apesar das manifestações mundiais de condenação, seu Estado se acredita o único que possui razão, pois era assim que o governo alemão pensava no tempo do nazismo.

Estejam certos de uma coisa: independentemente do resultado da absurda campanha israelense ou qualquer que seja a posição de seu povo diante da violência e injustiça cometida por aquele país, não irei ceder à tentação do pensamento racista; não irei apagar da minha memória a catástrofe do nazismo e o sofrimento do povo judeu; não irei pensar que há povos que não merecem nação e que devem ser eliminados; não deixarei de condenar o antissemitismo ou qualquer tipo de preconceito étnico.

Continuarei defendendo a ideia de que todos, sem distinção, somos iguais e temos os mesmos direitos: judeus, negros, árabes, índios, asiáticos etc. Manter-me-ei firme em minhas convicções, pois jamais quero me igualar aos governantes de Israel e àqueles que o apoiam.”

Faço minhas as palavras de meu querido amigo Maurício Abdalla, companheiro no Movimento Fé e Política, professor de filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo e autor de reconhecida qualidade, como o comprova o texto acima, que tão bem traduz a indignação e a dor de tantos que testemunhamos a guerra do Oriente Médio.

Vários intelectuais judeus têm manifestado indignação frente às operações do Estado de Israel. Tom Segev, historiador e cientista político, escreveu no Haaretz que “Israel sempre acreditou que causar sofrimento a civis palestinos os faria rebelarem-se contra seus líderes nacionais, o que se mostrou errado várias vezes”. O escritor Amos Oz sublinhou: “Chegou o tempo de buscar um cessar-fogo”, com o que concorda o escritor David Grossman e o ex-chanceler israelense Shlomo Ben-Ami.


por Frei Betto, escritor, autor de A mosca azul –
reflexão sobre o poder (Rocco), entre outros livros.

6 de janeiro de 2009

Movimento pela libertação de Al-Zaidi

Nós, jornalistas brasileiros do Movimento LutaFenaj, engajados na luta por transformações sociais em curso no Brasil e América Latina, nos solidarizamos com o colega jornalista Muntadar al-Zaidi. O profissional da imprensa lavrou seu protesto, num gesto de muita coragem e que muitos cidadãos do mundo desejavam fazer, contra o inimigo da paz e da humanidade, o presidente estadunidense George W. Bush, responsável pela ocupação do
Iraque e por um número de mortes de civis que oscila, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 104 mil e 223 mil, bem como mais de quatro mil soldados estadunidenses.

Exigimos que o jornalista Muntadar al-Zaidi seja libertado imediatamente e possa retornar à redação da emissora de televisão Al-Baghdadia, baseada no Cairo. Exigimos também que as autoridades iraquianas garantam a integridade física do nosso corajoso colega. É intolerável e escabroso que Muntadar al-Zaidi, conforme denúncia do seu irmão, esteja sendo torturado em prisão iraquiana!

Além de expressar nossa solidariedade, reiteramos que o colega jornalista Muntadar al-Zaidi com seu gesto apenas exerceu o direito de manifestar-se energicamente contra a atrevida visita ao Iraque do principal responsável pelo atroz sofrimento imposto ao povo pelas tropas de ocupação: George W. Bush.

Muntadar al-Zaidi deu o recado de milhões de cidadãos deste Planeta que entendem que o Presidente dos Estados Unidos viajou ao Iraque apenas para fazer marketing. Algo inadmissível, amoral e hipócrita, que, vale sempre repetir, merece o repúdio de todos os cidadãos do mundo.

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5 de janeiro de 2009

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